O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva destinou R$ 19,1 milhões para a Unisol (Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários do Brasil), uma organização não governamental com laços históricos com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, berço político do Partido dos Trabalhadores (PT). Os recursos foram utilizados para financiar eventos e projetos promovidos pela ONG.
Desde o início do atual mandato, foram celebrados oito convênios entre o governo e a Unisol. Os acordos foram firmados através de ministérios sob controle do PT, como o Ministério do Trabalho, Ministério dos Direitos Humanos e Ministério do Desenvolvimento Agrário. Essa concentração de convênios em pastas específicas levanta questionamentos sobre a distribuição dos recursos públicos.
De acordo com uma reportagem do jornal *O Estado de S. Paulo*, parte dos eventos financiados aborda temas alinhados com a agenda ideológica do PT. Um levantamento do jornal revelou que os repasses para a ONG atingiram um pico na atual gestão, saltando de cerca de R$ 1 milhão anual para quase R$ 18 milhões somente em 2024.
Um dos projetos financiados é um curso de formação de defensores dos direitos humanos com o objetivo de evitar “ataques à democracia”. Segundo a descrição do curso, os participantes devem trabalhar para evitar a repetição do que a esquerda define como “golpe”, referindo-se ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016. A iniciativa recebeu R$ 400 mil do Ministério dos Direitos Humanos, através de uma emenda do deputado Vicentinho (PT-SP).
Outro projeto financiado pelo governo, desta vez pelo Ministério do Trabalho, é o “fortalecimento da rede de comercialização” para participantes da Feira Esquerda Livre. A Unisol descreve a iniciativa como uma “feira colaborativa de empreendedores e artistas de esquerda, feita pela esquerda, para a esquerda”. O projeto, orçado em R$ 200 mil, busca melhorar a renda e a qualidade de vida de 250 beneficiários, e contou com recursos destinados pelo deputado Nilto Tatto (PT-SP).
A Unisol minimizou a ligação com pautas de esquerda, afirmando estar aberta a colaborar com qualquer setor da sociedade que compartilhe princípios do cooperativismo, empreendedorismo social e defesa dos direitos humanos. Sobre o curso relacionado ao impeachment de Dilma, a ONG justificou que o texto “reflete o contexto político do País”.
Em resposta às críticas, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC confirmou que a Unisol surgiu de uma iniciativa do sindicato, mas negou qualquer gerência sobre as atividades da ONG, afirmando que ela possui “total autonomia administrativa, política e financeira”.
O governo, por meio do Ministério dos Direitos Humanos, declarou que a Unisol atendeu aos critérios legais e teve suas propostas aprovadas com base em análise técnica. O Ministério do Trabalho e Emprego reiterou seu compromisso com a transparência e a adequada utilização dos recursos públicos, afirmando que a execução das ações é monitorada continuamente.
Fonte: http://vistapatria.com.br