O julgamento dos acusados de envolvimento nos eventos de 8 de janeiro ganhou um novo capítulo com a acusação de censura feita pelo ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A alegação surgiu durante o depoimento de Rebelo como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, marcando um momento de alta tensão no plenário.
Durante a oitiva, um confronto verbal entre Rebelo e Moraes se tornou evidente. O ex-ministro, conhecido por sua trajetória política e passagem pelo governo Dilma Rousseff, adotou um discurso alinhado à direita, o que intensificou o debate. A discussão escalou quando Moraes interrompeu Rebelo, levando o ex-ministro a declarar que não aceitaria censura em seu depoimento.
A controvérsia teve início após uma pergunta do procurador-geral da República, Paulo Gonet, sobre a possível disposição de Garnier em colocar tropas à disposição do ex-presidente Jair Bolsonaro. A questão visava esclarecer se o comandante da Marinha teria agido para apoiar uma suposta trama golpista, explorando a autonomia de Garnier na mobilização de tropas.
Rebelo, ao responder, argumentou sobre a necessidade de considerar o sentido da expressão “estar à disposição” dentro do contexto da língua portuguesa. “É preciso levar em conta que, na língua portuguesa, usamos com frequência a força da expressão. Ela nunca pode ser tomada ao pé da letra”, afirmou o ex-ministro, buscando relativizar a interpretação literal da frase.
A resposta de Rebelo provocou a reação de Moraes, que questionou se o ex-ministro estava presente na reunião em que Garnier teria usado a expressão. Diante da negativa de Rebelo, Moraes afirmou que ele não teria condições de avaliar a língua portuguesa naquele momento, instruindo-o a ater-se aos fatos. Rebelo, em resposta, acusou o ministro de censura, intensificando o embate e elevando a temperatura no STF.
Fonte: http://revistaoeste.com