A Censura Bate à Porta: A Lição de Niemöller e o Despertar Tardio da Mídia

A história de Martin Niemöller, pastor luterano que transitou de nacionalista fervoroso a opositor do nazismo, ecoa em tempos de crescentes restrições à liberdade de expressão. Inicialmente, Niemöller, como muitos de sua época, simpatizou com a ascensão de Hitler, na esperança de restaurar valores tradicionais. No entanto, a tentativa do regime de controlar as igrejas protestantes marcou sua ruptura, levando-o a fundar a Igreja Confessante e a denunciar a perseguição religiosa.

Preso pela Gestapo e enviado aos campos de concentração, Niemöller sobreviveu para legar uma das mais impactantes reflexões sobre a conivência e o silêncio diante da opressão. Sua famosa confissão, “Primeiro levaram…”, ressoa como um alerta sobre a importância de defender os direitos de todos, mesmo daqueles com quem discordamos. A frase nos lembra que a indiferença pavimenta o caminho para a tirania, e que a liberdade de cada um está intrinsecamente ligada à liberdade de todos.

No Brasil, a recente decisão de censurar o ex-presidente Jair Bolsonaro parece ter despertado parte da mídia para uma realidade que conservadores e apoiadores do ex-presidente já enfrentavam há tempos. Veículos como Metrópoles, Folha de S.Paulo e GloboNews, antes críticos ferrenhos, agora questionam os limites da liberdade de expressão. Essa mudança de postura, ainda que tardia, reacende o debate sobre a importância de defender a liberdade de expressão para todos, independentemente de suas convicções políticas.

A virtude, como já foi dito, reside em combater o autoritarismo mesmo quando ele se volta contra nossos opositores. Justificar a própria mutilação em nome de um suposto bem maior é o caminho mais curto para a perpetuação da injustiça. Que essa súbita percepção da mídia sirva para fortalecer a defesa da democracia e da liberdade individual, valores que muitos defendem há anos, mesmo quando eram ignorados ou ridicularizados.

Diante desse cenário, resta a esperança de que a história não se repita em sua totalidade. Que o despertar da mídia não seja apenas um breve momento de lucidez, mas um compromisso duradouro com a defesa da liberdade de expressão para todos. Afinal, como alertou Niemöller, quando não há mais ninguém para protestar, a escuridão se instala.

Fonte: http://revistaoeste.com

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