A colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid com a Justiça pode estar comprometida. A Revista Veja divulgou neste sábado novas mensagens e áudios que Cid teria trocado secretamente, desafiando uma proibição expressa do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o uso de redes sociais. As revelações lançam dúvidas sobre a veracidade de seu depoimento e a validade de seu acordo de delação.
De acordo com a reportagem da Veja, Cid utilizou o perfil @gabrielar702 no Instagram para enviar mais de 200 mensagens em um período de 40 dias. Além de textos, ele teria compartilhado fotos pessoais, vídeos e links de notícias críticas ao STF. Em uma das mensagens obtidas, Cid expressa angústia e temor de novas operações da Polícia Federal (PF), revelando a pressão sob a qual se encontra.
“Eu só durmo por exaustão… E às 5:00 já acordo esperando a PF… E para ver as notícias. Para ver o que vão falar de mim… Ta f****”, escreveu Cid em uma das mensagens. Ele também manifestou indignação com a condução do processo de delação pela PF e o desejo de dar sua versão dos fatos à imprensa.
A revista também detalhou trechos de mensagens onde Cid discute estratégias com seus advogados, Cezar Bitencourt e Jair Alves Pereira. As conversas revelam a expectativa de uma pena branda e a alegação de que o processo contra ele teria motivações políticas, visando atingir o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em um áudio divulgado pela Veja, Cid descreve a dinâmica dos depoimentos prestados à PF, mencionando questionamentos sobre atos golpistas e o envolvimento de figuras como o General Braga Netto. “Aí ele começava a puxar o que os outros iam falar, então tá bom. Aí ele falou assim, o Cavalieri, ou fulano de tal, falou isso, isso, isso. Depois ele disse, então é isso, tal, tal, tal”, relatou Cid no áudio.
A divulgação destas mensagens e áudios levanta sérias questões sobre a honestidade de Cid em seu acordo de delação. Em depoimento ao STF, ele negou o uso de redes sociais durante o período. A defesa de Cid alega que as mensagens são “fake news” e que o perfil @gabrielar702 não pertence a ele, apesar da coincidência com o nome de sua esposa. O STF já autorizou a investigação do perfil a pedido da defesa do militar.
Fonte: http://vistapatria.com.br