Em um desenvolvimento significativo no cenário político argentino, a Suprema Corte rejeitou, nesta quarta-feira (11), o pedido do Ministério Público para a prisão imediata da ex-presidente Cristina Kirchner. Apesar da confirmação de sua condenação a seis anos de prisão por corrupção, a Corte concedeu um prazo de quatro dias para que Kirchner se apresente voluntariamente às autoridades, conforme reportado pelo jornal Clarín.
A decisão judicial surge após a rejeição dos últimos recursos da defesa de Kirchner, que governou a Argentina de 2007 a 2015. Além da pena de prisão, a ex-presidente está proibida de ocupar cargos públicos e enfrenta a obrigação de ressarcir o Estado argentino em aproximadamente US$ 85 bilhões. A complexidade do caso atrai atenção nacional e internacional, com debates acalorados sobre a justiça e o futuro político do país.
Considerando que Cristina Kirchner tem mais de 70 anos, existe a possibilidade de que ela cumpra a pena em regime domiciliar. Seus advogados já formalizaram o pedido, mas a Justiça ainda não se manifestou sobre a questão. A defesa argumenta que a idade avançada da ex-presidente justifica a alteração no regime de cumprimento da pena.
Após a confirmação da sentença, Cristina Kirchner se dirigiu a seus apoiadores, reiterando que é vítima de perseguição política. “Essa sentença já estava escrita”, declarou, criticando os juízes e chamando-os de “fantoches”. Suas declarações intensificaram a polarização política e geraram debates acalorados nas redes sociais e na mídia.
O atual presidente da Argentina, Javier Milei, expressou sua satisfação com a decisão judicial através de suas redes sociais. “Justiça. Fim. A República está funcionando e todos os jornalistas corruptos, cúmplices de políticos mentirosos, foram desmascarados”, escreveu no X (antigo Twitter). A reação de Milei evidencia a profunda divisão política em torno do caso.
Cristina Kirchner foi condenada por um esquema de corrupção relacionado à concessão de contratos públicos durante seu governo. Segundo o Ministério Público, o empresário Lázaro Báez, dono do Grupo Austral, foi favorecido com 51 contratos de obras públicas, muitos deles com valores superfaturados ou inacabados. A acusação alega que parte do dinheiro desviado foi destinado à ex-presidente, seu falecido marido Néstor Kirchner, que também foi presidente, e empresas da família.
Além de Cristina Kirchner e Lázaro Báez, outros ex-integrantes do governo também foram condenados no caso, incluindo Nelson Periotti, José López, Juan Carlos Villafañe, Raúl Pavesi, Mauricio Collareda, José Santibáñez e Raúl Daruich. O caso é considerado um dos maiores escândalos de corrupção política já julgados na Argentina, marcando um capítulo importante na história do país.
É importante ressaltar que Cristina Kirchner também exerceu o cargo de vice-presidente durante o governo de Alberto Fernández, entre 2019 e 2023. Sua trajetória política é marcada por controvérsias e forte polarização, influenciando o debate público e as eleições na Argentina.
Fonte: http://vistapatria.com.br