O ex-procurador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, intensificou a pressão sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, ao apresentar uma notícia-crime à Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta segunda-feira, 8. A ação busca apurar supostos crimes de abuso funcional e de responsabilidade, com base nas declarações feitas pelo ex-assessor de Moraes, Eduardo Tagliaferro. As denúncias foram apresentadas durante uma audiência na Comissão de Segurança Pública do Senado.
Dallagnol, por meio de seu advogado Leandro Rosa, argumenta que as acusações de Tagliaferro levantam suspeitas de ilícitos penais e funcionais graves, incluindo falsidade ideológica e fraude processual. O documento protocolado solicita à PGR a preservação de evidências digitais cruciais e a requisição de cópias integrais de autos e expedientes tanto no STF quanto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pede também o acesso a relatórios relevantes da Polícia Federal (PF).
No centro das alegações, Tagliaferro acusa Moraes de ter manipulado documentos que serviram de base para uma operação da PF contra empresários ligados à direita, incluindo figuras como Luciano Hang e Afrânio Barreira. O ex-assessor também relatou uma suposta coordenação irregular entre Moraes e a própria PGR para influenciar investigações em curso. Em resposta, o gabinete de Moraes negou veementemente as acusações, assegurando que todos os procedimentos seguiram rigorosamente os trâmites legais.
Em suas redes sociais, Dallagnol ressaltou a importância da investigação para esclarecer a veracidade das denúncias. “Se confirmadas, as acusações desmontam ainda mais a imagem de ‘xerife da democracia’ e expõem um ministro que ultrapassou todos os limites do cargo, da Constituição e das leis para perseguir adversários políticos”, escreveu o ex-procurador. A ação requer que a PGR ouça testemunhas-chave, incluindo Tagliaferro, o juiz instrutor Airton Vieira, e outros servidores mencionados nos documentos.
As declarações de Tagliaferro ganham ainda mais relevância no contexto da chamada “Vaza Toga 3”, que expôs supostos abusos de poder e irregularidades no Judiciário. O caso segue agora sob análise da PGR, que deverá decidir sobre a abertura ou não de uma investigação formal. O desfecho poderá ter um impacto significativo no cenário político e jurídico do país.
Fonte: http://revistaoeste.com