Cerco se fecha: Generais de Bolsonaro adotam estratégia de ‘salvar a própria pele’ no STF

O julgamento sobre a tentativa de golpe de 2022 no Supremo Tribunal Federal (STF) expôs uma estratégia de defesa de antigos aliados que pode isolar ainda mais o ex-presidente Jair Bolsonaro. Generais que antes eram figuras-chave em seu governo agora buscam se distanciar, numa manobra que sugere uma disputa pela sobrevivência jurídica.

As defesas de Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, e Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, apresentaram argumentos que minimizam o envolvimento de seus clientes e, em alguns momentos, contradizem a narrativa de Bolsonaro. Essa postura, descrita como “fogo amigo”, revela uma crescente preocupação em preservar suas próprias reputações e evitar as severas punições em caso de condenação.

A defesa de Heleno alegou que o general perdeu influência no governo e se afastou de Bolsonaro antes dos eventos que culminaram na tentativa de golpe. Advogados contestaram a participação de Heleno em uma live sobre fraudes nas urnas, afirmando que ele permaneceu em silêncio durante a transmissão.

No caso de Nogueira, a defesa foi ainda mais incisiva, argumentando que Bolsonaro agiu isoladamente e que o general tentou dissuadi-lo de decretar Estado de Sítio. O advogado Andrew Fernandes Faria relatou que Nogueira considerava a ideia de ruptura uma “sandice” e convocou reuniões com comandantes militares para evitar medidas extremas. Segundo o advogado, “o general Paulo Sérgio estava tentando demover o presidente. E não só isso: na instrução judicial, o delator confirmou, em resposta à pergunta que fizemos, que o general entregou ao presidente Bolsonaro um discurso — uma proposta de discurso — para desmobilizar as pessoas, para que saíssem de lá. Estava tentando convencer o presidente a não cair nesses assessoramentos de grupos radicais”.

Enquanto isso, a defesa de Bolsonaro insiste na tese de que não há provas concretas de seu envolvimento e ataca a credibilidade da delação do tenente-coronel Mauro Cid. O advogado Celso Vilardi argumenta que a PGR não conseguiu demonstrar uma relação direta do ex-presidente com as minutas do golpe e os atos de 8 de janeiro. Esse isolamento de Bolsonaro contrasta com a postura de seus ex-auxiliares, que parecem dispostos a reforçar a narrativa de que ele era o líder da organização criminosa para se protegerem.

Fonte: http://www.poder360.com.br

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