Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) expôs um esquema de descontos não autorizados em aposentadorias, totalizando R$ 3,4 bilhões, atribuídos à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). As irregularidades teriam ocorrido entre 2016 e janeiro de 2025, levantando sérias questões sobre a supervisão e controle dos repasses.
O ponto mais crítico é que, mesmo diante de alertas emitidos sobre as possíveis fraudes, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) continuou a repassar os valores à Contag. Essa persistência, ignorando os sinais de alerta, coloca em xeque a diligência do INSS e sua responsabilidade na proteção dos beneficiários.
Para dimensionar a extensão do problema, a CGU realizou uma pesquisa com 1.347 pessoas. Um número alarmante de 1.312 entrevistados negaram ter autorizado os descontos associativos. Essa discrepância lança dúvidas sobre a legitimidade das cobranças e o consentimento dos aposentados.
A CGU também apontou que a Procuradoria Federal Especializada no INSS havia emitido alertas sobre ações judiciais buscando o ressarcimento de prejuízos à União. No entanto, esses alertas foram aparentemente ignorados, culminando na renovação do acordo de cooperação entre o INSS e a Contag em agosto de 2024, decisão que contrariou pareceres contrários dos procuradores federais.
A diretora de auditoria da CGU, Eliane Viegas Mota, durante sessão da CPI do INSS, revelou que a autarquia foi alertada sobre os descontos fraudulentos em 2019 e novamente em julho de 2024. “O INSS foi alertado sobre indícios de descontos fraudulentos e, mesmo assim, alguns acordos foram restabelecidos”, afirmou Mota, evidenciando a falha na resposta às denúncias.
Em resposta às acusações, a Contag contesta as conclusões do relatório, argumentando que a fiscalização se baseou em um número limitado de entrevistas. “O porcentual de 97,7% citado no relatório da CGU não se refere exclusivamente à Contag, mas sim ao universo total das seis entidades analisadas”, declarou a entidade em nota, defendendo a representatividade de seus mais de 1,3 milhão de associados.
Fonte: http://revistaoeste.com