Operação policial desmantela esquema de falsos advogados que invadiam sistemas judiciais em seis estados

Uma vasta operação policial, deflagrada hoje, mira uma organização criminosa sofisticada, especializada em invadir sistemas do governo federal e tribunais de justiça estaduais. O objetivo era aplicar o golpe do falso advogado, lesando diversas vítimas em todo o país. A ação se estendeu por seis estados, com o cumprimento de dezenas de mandados judiciais.

Até o momento, foram presas 11 pessoas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte. A operação cumpriu 66 procedimentos judiciais, incluindo mandados de busca e apreensão, prisão e bloqueio de contas bancárias ligadas aos criminosos, buscando desarticular a estrutura financeira da quadrilha.

As investigações, que duraram cerca de cinco meses, tiveram início na Delegacia de Combate a Estelionatos de Joinville, em Santa Catarina. A polícia descobriu que indivíduos e empresas estavam utilizando indevidamente a identidade de advogados catarinenses e informações de processos judiciais para enganar as vítimas, buscando obter lucros ilícitos.

Segundo Artur José Dian, delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, os criminosos acessavam processos por meio de fontes abertas ou invasão de sistemas judiciais. “Eles conseguiam ter acesso a trechos de processos ou a processos inteiros. Por meio desses processos, eles conseguiam dados das vítimas e se comunicavam com elas se passando por falsos advogados”, explicou.

Rafaello Ross, delegado regional da Polícia Civil de Joinville, detalhou o modus operandi: “Criminosos estavam simulando serem advogados, entrando em contato com os clientes e cobrando valores a título de custas processuais para liberar supostos alvarás judiciais”. Inicialmente, utilizavam fontes abertas e, posteriormente, invadiam sistemas judiciais para obter dados sensíveis.

O advogado Guilherme Aquino Reusing Pereira, vice-presidente da OAB de Joinville, foi uma das vítimas que teve seus dados utilizados pelos criminosos. “É um golpe onde o meliante faz contato com o cidadão, que é parte do processo, se passando por um advogado que é parte daquele processo”, relatou, alertando para a sofisticação do golpe.

Uma cliente de Pereira chegou a depositar R$ 20 mil para os golpistas, acreditando estar falando com o advogado. “Se passaram tanto por mim quanto por minha sócia”, lamentou Pereira, evidenciando o impacto do crime na reputação dos profissionais e na confiança dos clientes.

A operação contou com a participação do Departamento de Inteligência da Polícia Civil de São Paulo (Dipol), do Poder Judiciário e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em São Paulo, foram cumpridos 12 mandados de busca e cinco de prisão em diversas cidades, demonstrando a abrangência da ação.

Durante coletiva de imprensa, os delegados informaram que ainda não é possível mensurar o número total de vítimas ou o montante movimentado pelos criminosos. Contudo, Vinicius Ferreira, da Delegacia de Combate a Estelionatos de Joinville, revelou que houve casos de vítimas que depositaram até R$ 100 mil.

Para evitar cair em golpes como este, as autoridades recomendam cautela e desconfiança diante de contatos inesperados solicitando pagamentos. “É preciso ter a cautela necessária para poder contestar qualquer benefício desses que chegam até você de forma passiva”, alertou um dos delegados.

A OAB SP tem atuado no combate ao golpe do falso advogado desde 2024, recebendo milhares de denúncias. A entidade criou uma cartilha com dicas para evitar o golpe e uma força-tarefa para auxiliar advogados e vítimas. A OAB SP orienta que advogados e vítimas registrem boletins de ocorrência imediatamente, informando todos os detalhes do golpe.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br

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