Voto de Fux em julgamento de Bolsonaro reacende esperança de fim das tarifas de Trump, diz ministro

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), expressou otimismo em relação ao fim das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. A esperança surge após o voto divergente do ministro Luiz Fux no julgamento da tentativa de golpe no Supremo Tribunal Federal (STF), que Teixeira acredita sinalizar uma justiça imparcial para o governo de Donald Trump.

Teixeira argumenta que o dissenso demonstrado por Fux no julgamento é crucial para mostrar a isenção do Judiciário brasileiro. “O voto do Luiz Fux foi importante porque mostrou dissenso, mostrou que é um julgamento imparcial e que o Brasil está fazendo, na Suprema Corte, um julgamento imparcial, justo”, afirmou o ministro durante um evento da Conab.

Fux votou pela absolvição do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na quarta-feira, embora a tendência da 1ª Turma do STF seja a condenação. Trump, por sua vez, impôs tarifas de 50% contra o Brasil e sancionou autoridades brasileiras, alegando perseguição a Bolsonaro.

O ministro Teixeira acredita que a conclusão do julgamento e a definição das penas para os réus envolvidos na tentativa de golpe de Estado podem levar à “resolução” do impasse tarifário com os EUA. Ele espera que o fim do processo judicial possa trazer de volta a racionalidade econômica, permitindo que os Estados Unidos retomem as compras de produtos brasileiros.

“Creio que acabando esse julgamento nós podemos retornar à racionalidade econômica, que é os Estados Unidos comprar os nossos produtos. E espero que termine logo, porque o preço do hambúrguer, o preço da carne nos EUA está muito caro, punindo os americanos”, disse Teixeira, enfatizando o impacto das tarifas nos consumidores americanos. Ele ainda vislumbra uma possível flexibilização das taxas sobre produtos como café, carne bovina e frutas.

Dados recentes já apontam para um impacto negativo das tarifas. As exportações de café brasileiro para os EUA caíram 46% em agosto de 2025, segundo o Cecafé, com a Alemanha ultrapassando os EUA como o maior importador. O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, também alertou que a taxação americana tem influenciado os preços internacionais do café.

O setor de carne bovina também sente os efeitos. Embora os EUA permaneçam como o segundo maior importador de carne brasileira, as vendas têm apresentado queda desde abril de 2025. A partir de 1º de agosto, a carne bovina passou a sofrer uma taxa adicional de 40%, elevando a tarifa total para 76,4% nas vendas extraquota, o que levou algumas indústrias a suspenderem a produção destinada ao mercado americano.

A 1ª Turma do STF, composta por Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux, julga Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. O julgamento, que inclui a análise da dosimetria das penas, deve ser concluído em breve.

Além de Bolsonaro, são réus Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Mauro Cid, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Eles são acusados pela PGR de crimes como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado.

Caso seja condenado, Bolsonaro pode enfrentar uma pena de até 43 anos de prisão, a ser cumprida em uma sala especial na Papuda ou na Superintendência da PF em Brasília. A definição da pena individual de cada réu, no entanto, só ocorrerá após o trânsito em julgado do processo.

Fonte: http://www.poder360.com.br

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