Fé e Resistência: ‘Caminhos para Exu’ ecoa contra a Intolerância Religiosa em Brasília

Em um vibrante ato de fé e resistência, centenas de praticantes e simpatizantes das religiões de matriz africana convergiram em Brasília neste domingo (7). O evento ‘Caminhos para Exu’ transformou um trecho da W3 Sul em um palco de celebração e um clamor pelo fim da intolerância religiosa, marcando um momento crucial para a visibilidade e o respeito às tradições afro-brasileiras.

A escolha da data, o dia 7, reverencia a simbologia do orixá Exu, representando a união entre o espiritual e o material. Inspirado na ‘Marcha para Exu’ de São Paulo, que já em sua terceira edição atrai milhares, o evento brasiliense busca fortalecer a identidade e a luta por direitos dos povos de terreiro em todo o país.

“Nosso principal objetivo é mostrar que existimos; que estamos vivos”, declarou a cantora Kika Ribeiro, idealizadora do evento, à Agência Brasil. Ela enfatizou a importância de garantir a liberdade religiosa para todos, independentemente de suas crenças, e já vislumbra uma segunda edição do ‘Caminhos para Exu’ ainda este ano.

A coordenadora cultural da Biblioteca Demonstrativa, Marina Mara, ressaltou a diversidade do público presente, composto não apenas por adeptos do candomblé, umbanda, quimbanda e ifá, mas também por simpatizantes atraídos pela musicalidade e pela energia contagiante da manifestação. “Isso é Exu! É comunicação, comunhão, prosperidade”, afirmou Marina, destacando o papel fundamental do orixá como mensageiro entre os planos humano e divino.

A yalórisá Francys de Óya, líder do terreiro Kwe Oya Sogy em Samambaia, expressou sua motivação em participar do evento: “A força e o amor do povo [de terreiro] de querer mostrar a todos que não somos do mal; que somos alegria, saúde, prosperidade”. Sua fala ecoa a luta contra o preconceito e a violência que ainda afligem as religiões de matriz africana.

O crescimento no número de praticantes dessas religiões, conforme apontado pelo Censo de 2022, reflete, em parte, o impacto de políticas públicas de combate à intolerância. No entanto, os dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos revelam que as religiões afro-brasileiras continuam sendo os alvos mais frequentes de discriminação, evidenciando a urgência de ações contínuas para promover o respeito e a igualdade religiosa.

“Este Caminhos para Exu é justamente para desdemonizarmos nosso orixá”, concluiu a yalórisá Francys de Óya. “Para dizer a todos que, ao contrário do que muitos dizem e pensam, Exu é bom. É lindo. É amor. Basta olhar para esta festa, para este povo lindo”.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br

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