O orçamento público brasileiro enfrenta um marco preocupante: a previsão de gastos com servidores ativos e aposentados nos três níveis de governo deve atingir R$ 1,7 trilhão em 2025. Esse montante representa o maior valor já registrado para despesas com pessoal, gerando debates acalorados em meio à discussão sobre a reforma administrativa no Congresso Nacional.
A proposta de reforma administrativa, sob relatoria do deputado Pedro Paulo (PSD-RJ), busca conciliar a estabilidade dos servidores com a necessidade de otimização dos gastos públicos. O texto em análise prevê mecanismos de avaliação de desempenho, revisão de despesas e a definição de uma tabela salarial fixa, além de impor limites mais rígidos para salários acima do teto constitucional e restrições a honorários e férias prolongadas.
Um levantamento do jornal *O Estado de S. Paulo*, com base em dados das leis orçamentárias de diversos municípios, estados e da União, indica que o aumento de gastos com pessoal deve se consolidar em 2026. A análise comparativa com dados da OCDE e da Fecomércio-SP revela uma situação paradoxal: embora o Brasil empregue menos servidores em proporção à força de trabalho (12,1%) em comparação com a média da OCDE (20,8%), os gastos são mais elevados, correspondendo a 13,5% do PIB, contra 9,3% do grupo internacional.
Diante desse cenário, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos afirma estar implementando iniciativas para aprimorar a eficiência administrativa e digital, visando otimizar a entrega de políticas públicas. “O crescimento das despesas de pessoal no governo Lula 3 concilia a sustentabilidade das contas públicas com a valorização dos servidores e a recomposição da força de trabalho”, declarou a pasta, ressaltando que a folha do Executivo federal deve representar 2,59% do PIB em 2026, uma ligeira redução em relação aos 2,68% de 2022.
Estimativas do Ipea indicam que o Brasil possui cerca de 11 milhões de servidores ativos, com a maioria concentrada nas prefeituras, que quadruplicaram o número de contratados entre 1985 e 2021. Contudo, o levantamento também revela disparidades salariais significativas: os 10% mais bem remunerados do setor público recebem quinze vezes mais que os 10% com menores salários. No Judiciário, a média salarial mensal é de R$ 16 mil, enquanto no Executivo o valor é de R$ 4,5 mil.
Fonte: http://revistaoeste.com