Violência contra crianças e adolescentes: Paraná discute urgência de capacitação e proteção

O aumento alarmante nos casos de violência contra crianças e adolescentes no Paraná reacendeu o debate sobre a necessidade urgente de fortalecer a rede de proteção e capacitar profissionais da linha de frente. Uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná, realizada nesta quinta-feira (4), reuniu especialistas e representantes do poder público para discutir estratégias de prevenção e enfrentamento. Dados chocantes e relatos de casos graves reforçaram a premência da situação.

A deputada Secretária Márcia (PSD), proponente da audiência, enfatizou a gravidade do tema. “Um debate difícil, pesado, mas muito necessário”, resumiu a deputada, que também é vice-presidente da Comissão de Saúde Pública e líder do Bloco Parlamentar Temático da Saúde. Ela apresentou estatísticas preocupantes, incluindo o registro de 720 casos de maus-tratos no Hospital de Clínicas de Curitiba em 2024, sendo 420 com suspeita de abuso sexual.

Os números revelam um cenário sombrio: o Sistema de Agravos de Notificação (Sinan) registrou 17.960 casos de violência contra crianças e adolescentes no estado em 2022. Negligência ou abandono lideram as ocorrências (40%), seguidas por agressões físicas (27,6%), psicológicas (20,5%) e violência sexual (18,5%). A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) aponta que 72% dos casos ocorrem dentro do próprio lar, evidenciando a vulnerabilidade das vítimas.

A deputada Márcia é autora do projeto de lei 577/2025, que visa criar a Semana Estadual de Capacitação em Diagnóstico e Tratamento das Violências contra Crianças e Adolescentes. A iniciativa busca qualificar profissionais de diversas áreas para identificar sinais de agressão e encaminhar medidas de proteção. A promotora de Justiça Tarcila Santos Teixeira corroborou a importância da prevenção, defendendo a informação direta às crianças para que desenvolvam mecanismos de autodefesa.

“Hoje não estamos cuidando de crianças e adolescentes, mas de vítimas. Esse é um caminho equivocado. Elas precisam aprender como a violência acontece para que tenham condições de autodefesa”, afirmou a promotora. A pediatra Luci Yara Pfeiffer, do Dedica-PR, alertou para os impactos da violência na vida das vítimas e cobrou mais protagonismo do poder público. A vereadora Tania Guerreiro, com 35 anos de atuação no enfrentamento à pedofilia, ressaltou que o silêncio protege o agressor, reforçando a necessidade de dar voz às vítimas.

Fonte: http://www.assembleia.pr.leg.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *