Afastado por Venda de Sentenças, Desembargador do TJSP Recebe R$ 2 Milhões em Salários e Indenizações

O desembargador Ivo de Almeida, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), afastado de suas funções desde junho de 2024 sob suspeita de envolvimento na venda de sentenças, acumulou aproximadamente R$ 2 milhões em salários e benefícios nos últimos 12 meses. A situação levanta questionamentos sobre a legalidade e a ética dos pagamentos, considerando o afastamento do magistrado.

De acordo com os dados apurados, os vencimentos líquidos do desembargador ultrapassaram a marca de R$ 100 mil em todos os meses entre janeiro e julho de 2025. Em dezembro, o valor chegou a R$ 198 mil, enquanto em março atingiu R$ 164,3 mil. Nos demais meses, os pagamentos variaram entre R$ 121 mil e R$ 151 mil.

O montante total inclui R$ 1,3 milhão em benefícios e indenizações, sendo mais de R$ 1 milhão em vantagens eventuais. Curiosamente, o valor recebido durante o período de afastamento supera os rendimentos líquidos de R$ 993,7 mil obtidos por Almeida enquanto estava em atividade, entre junho de 2023 e junho de 2024.

As acusações contra o desembargador ganharam força após a Operação Churrascada, deflagrada pela Polícia Federal em junho de 2024. A operação cumpriu mandados de busca e apreensão na residência e no gabinete de Almeida, resultando em seu indiciamento em novembro. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) agora avalia se há provas suficientes para a abertura de uma ação penal.

Segundo a denúncia, quatro processos teriam sido objeto de negociação, incluindo a soltura de dois indivíduos presos por roubo em 2015. A Procuradoria também investiga a suspeita de lavagem de dinheiro por meio de um posto de combustíveis e de uma incorporadora, que teria recebido R$ 8,4 milhões de origem não identificada.

A defesa do desembargador, liderada pelo advogado Átila Machado, alega que todos os pagamentos correspondem a indenizações devidas por férias não usufruídas ao longo de quase quatro décadas de carreira na magistratura. “O desembargador, na magistratura desde 1987, nunca usufruiu férias e, por isso, teria direito aos valores”, declarou o advogado.

Machado também rebateu as acusações, classificando a operação como “um enorme estardalhaço”. Ele destacou o recente arquivamento de investigações sobre supostas irregularidades, como a investigação sobre rachadinha e a apuração sobre suposto pagamento de R$ 1 milhão em *habeas corpus* a um aliado de Fernandinho Beira-Mar. Para a defesa, as decisões judiciais comprovam a idoneidade do magistrado e reestabelecem a verdade sobre sua vida íntegra.

Fonte: http://revistaoeste.com

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