Novas revelações obtidas com exclusividade indicam que os jornalistas Rodrigo Constantino e Guilherme Fiuza foram alvos de uma ação coordenada, supostamente orquestrada dentro do gabinete do ministro Alexandre de Moraes. A investida visava, segundo as mensagens, o bloqueio e a aplicação de multas aos comunicadores.
Em novembro de 2022, Airton Vieira, juiz auxiliar de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), compartilhou em um grupo de mensagens um vídeo de Rodrigo Constantino criticando as medidas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a disseminação de notícias falsas. Imediatamente após o compartilhamento, Vieira teria ordenado: “Vamos bloquear tudo desse cara e prever multa”, conforme revelam os diálogos obtidos.
A ordem gerou questionamentos internos. Eduardo Tagliaferro, então chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do TSE, indagou sobre o fundamento legal para tal bloqueio, perguntando: “Coloco o quê? Qual fundamento?”. A resposta de Vieira foi que ele ligaria para Tagliaferro para orientar a elaboração do relatório.
Posteriormente, Vieira reforçou a ordem de bloqueio e multa, solicitando que Tagliaferro caprichasse no relatório, enviando-o por e-mail com um ofício. No entanto, dias depois, o grupo avaliou que a medida poderia gerar repercussão negativa e optou apenas pela desmonetização das contas de Constantino, demonstrando uma mudança de estratégia diante da potencial exposição.
No caso de Guilherme Fiuza, em 27 de dezembro de 2022, Tagliaferro enviou ao grupo um relatório sobre o jornalista, afirmando: “Esse não precisou de muito para se comprometer”. A mensagem foi seguida de emojis de palmas e agradecimentos de Marco Antônio Vargas e Airton Vieira, com Vargas complementando que Fiuza possuía “vários posts golpistas”. Tagliaferro concluiu a discussão com a frase: “Vamos mandar bala”.
As revelações se somam ao material já divulgado no contexto da “Vaza Toga”, uma série de reportagens que expõe bastidores do Judiciário. As primeiras denúncias foram feitas por Glenn Greenwald e Fábio Serapião, e posteriormente complementadas por David Ágape e Eli Vieira, do site Public, ampliando o escopo das informações divulgadas e intensificando o debate sobre a atuação de figuras do Judiciário.
Fonte: http://revistaoeste.com