Uma extensa investigação da Receita Federal e da Justiça de São Paulo desmantelou um esquema de lavagem de dinheiro operado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) através de uma rede de postos de combustíveis. A Operação Carbono Oculto identificou 19 estabelecimentos supostamente envolvidos, revelando a magnitude da estrutura financeira utilizada pela facção.
As investigações apontam que os postos de gasolina recebiam recursos ilícitos, tanto em dinheiro vivo quanto através de transações com máquinas de cartão. Esses valores eram então direcionados para contas controladas pela organização criminosa, em uma sofisticada manobra para ocultar a origem dos fundos.
Um dos principais nomes ligados ao esquema é Armando Hussein Ali Mourad, irmão de Mohamad Hussein Mourad, este último apontado como líder da operação. Segundo a Justiça, Armando seria peça fundamental na expansão do grupo e na blindagem patrimonial do PCC. Diversos postos foram registrados em seu nome, conforme detalhado nos documentos judiciais.
Entre os postos atribuídos a Armando Hussein Ali Mourad, encontram-se o Auto Posto Vini Show em Senador Canedo (GO), o Auto Posto Dipoco em Catalão (GO), e o Posto Santo Antônio do Descoberto em Santo Antônio do Descoberto (GO), além de outras unidades listadas na investigação. A operação expõe a abrangência geográfica do esquema, que se estende por diferentes estados.
Além dos postos ligados a Mourad, outros estabelecimentos foram identificados por envolvimento em fraudes e adulteração de combustível. Luciane Gonçalves Brene Motta de Souza e Alexandre Motta de Souza, acusados de integrar o esquema, possuem postos como o Auto Posto Conceição em Campinas (SP) e o Auto Posto Boulevar XV São Paulo em Praia Grande (SP), também sob investigação.
Renan Cepeda Gonçalves, considerado uma “peça-chave” da organização por sua ligação com a Rede Boxter, também teve quatro estabelecimentos relacionados ao esquema. Outros postos, como o Auto Posto Texas, foram apontados por envolvimento com laranjas e adulteração de combustíveis, demonstrando a complexidade da rede criminosa.
Apesar das investigações, alguns dos postos identificados continuavam em funcionamento até o momento da publicação desta notícia. A Receita Federal, por sua vez, informou que não comenta sobre procedimentos em andamento.
O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, comentou sobre a operação, ressaltando que a migração do crime organizado para a legalidade é um fenômeno global. “Para combater não basta apenas uma operação”, afirmou Lewandowski. “É preciso uma atividade integrada de todos os órgãos, sobretudo aqueles que trabalham com inteligência.”
Segundo as autoridades, cerca de mil postos de combustíveis vinculados ao grupo movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024. Uma fintech que atuava como banco paralelo da organização movimentou sozinha mais de R$ 45 bilhões não rastreáveis no período, evidenciando a sofisticação e o alcance financeiro da organização criminosa.
Fonte: http://revistaoeste.com