Crise no STF: Escândalo Tagliaferro Esvazia Gabinete de Alexandre de Moraes e Levanta Questionamentos

O gabinete do ministro Alexandre de Moraes, no Supremo Tribunal Federal (STF), enfrenta uma significativa reestruturação após o escândalo envolvendo Eduardo Tagliaferro e Airton Vieira, ex-colaboradores próximos. A divulgação de áudios comprometedores desencadeou uma série de saídas, impactando o funcionamento interno e gerando debates sobre a condução de processos sob a responsabilidade do ministro.

Em janeiro, Airton Vieira, então juiz instrutor, foi afastado sem comunicação oficial, função estratégica que envolvia interrogatórios e coordenação de delações premiadas. Nos meses seguintes, Rogério Marrone de Castro Sampaio e André Solomon Tudisco, também juízes auxiliares, deixaram o gabinete, resultando em uma equipe de apoio jurídico reduzida e sobrecarregada. Apenas Rafael Tamai Rocha permaneceu, acumulando informalmente as funções de Vieira.

A crise expôs um desequilíbrio na estrutura do gabinete, que anteriormente contava com um número maior de assistentes devido ao volume de inquéritos sob a relatoria de Moraes. A autorização excepcional para manter quatro juízes agora contrasta com a realidade de apenas dois auxiliares em atividade, gerando questionamentos sobre a capacidade de resposta do gabinete.

Os áudios divulgados pela Folha de S.Paulo revelaram conversas entre Vieira e Tagliaferro, sugerindo o compartilhamento de informações do STF para influenciar decisões de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tagliaferro chegou a ameaçar a divulgação de novos trechos que comprovariam a interferência do ministro em processos envolvendo aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, elevando a tensão e as suspeitas sobre a imparcialidade na condução das investigações.

A recomposição do gabinete tem sido lenta e parcial. Em maio, Luciana Yuki Fugishita Sorrentino, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), foi nomeada juíza auxiliar e assumiu responsabilidades importantes, como conduzir oitivas na ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. No entanto, a ausência de um novo juiz instrutor compromete a celeridade dos processos penais, enquanto outros ministros do STF operam com estruturas mais enxutas.

Fonte: http://revistaoeste.com

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