Críticas Aumentam: Comportamento e Decisões de Moraes no STF Levantam Debates Sobre Personalismo e Pressão Política

O ministro Alexandre de Moraes, figura central no Supremo Tribunal Federal (STF), tem sido alvo de intenso escrutínio em meio ao cenário político polarizado. Recentemente, um gesto seu durante um jogo de futebol reacendeu discussões sobre sua postura e o impacto da pressão que enfrenta.

O episódio do gesto, interpretado por muitos como o dedo médio, ocorreu logo após Moraes ter sido incluído na Lei Magnitsky, uma sanção dos Estados Unidos que visa punir atos contra apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro. Moraes lidera processos importantes envolvendo Bolsonaro, incluindo o julgamento sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.

Além disso, o ministro determinou a prisão domiciliar de Bolsonaro por descumprimento de medidas judiciais e teve um cartão de crédito bloqueado no Brasil, como parte das sanções impostas. Tais eventos somam-se a um contexto de alta exposição e pressão sobre o magistrado.

Especialistas têm apontado que o comportamento de Moraes reflete uma tendência de personalização do Judiciário, onde figuras individuais ganham mais destaque que as próprias instituições. O psicanalista Christian Dunker, da USP, observou que as reações de Moraes podem ser compreendidas diante da pressão que enfrenta.

“Moraes deveria mesmo estar afetado com tudo o que está acontecendo, porque tudo isso deve ser muito exaustivo e qualquer um se sentiria nervoso”, afirmou Dunker ao jornal Folha de S.Paulo. “Se ele fosse mais autocontrolado, aí sim seria um problema.”

Moraes revelou à The New Yorker que pratica muay thai para aliviar o estresse, um hábito visto como positivo por profissionais de saúde mental. Atividades físicas podem ser importantes para indivíduos sob intensa pressão, que muitas vezes não podem expressar suas emoções livremente no dia a dia.

Contudo, o estilo enérgico de Moraes não se limita a gestos públicos. Seus despachos frequentemente contêm frases em letras maiúsculas e pontos de exclamação, o que tem gerado críticas por parte de juristas e políticos, que o consideram intransigente.

Em audiências recentes, o ministro protagonizou discussões acaloradas. Em uma acareação entre Mauro Cid e o coronel Marcelo Câmara, Moraes ordenou que um segurança verificasse se o advogado Marcus Vinícius de Camargo Figueiredo estava gravando a sessão, o que é proibido. O embate ocorreu após Moraes rejeitar uma questão de ordem apresentada pelo advogado.

Outro incidente envolveu o ex-ministro Aldo Rebelo, que foi ameaçado de prisão por desacato após sugerir que as falas dos envolvidos fossem analisadas além do sentido literal. Moraes também repreendeu o advogado Eumar Novacki, defensor de Anderson Torres, ao impedir que a audiência se tornasse um “circo”.

Para o cientista político Henrique Curi, da FESPSP, a notoriedade de Moraes evidencia o personalismo no Judiciário, onde algumas figuras concentram poder simbólico e político. Segundo Curi, o excesso de decisões individuais, a presença constante na mídia e a falta de harmonia interna no STF contribuem para essa imagem.

Mesmo diante da pressão, Moraes determinou recentemente a aplicação de medidas cautelares ao pastor Silas Malafaia, sob o entendimento de que ele atuou junto a Bolsonaro e ao deputado Eduardo Bolsonaro para prejudicar o andamento da ação penal sobre a tentativa de “golpe”.

Fonte: http://revistaoeste.com

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