Um estudo recente da Cambridge University Press revelou um cenário alarmante no Brasil: o país lidera a América Latina em número de pessoas vivendo sob a influência direta de facções criminosas. Intitulado “Governança Criminal na América Latina: Prevalência e Correlatos”, o levantamento aponta que aproximadamente 26% da população brasileira, algo entre 50,6 e 61,6 milhões de pessoas, está sujeita às regras impostas por essas organizações.
Essa realidade, definida como “governança criminal”, ocorre quando facções assumem o controle de comunidades, ditando normas que afetam desde o cotidiano social até processos eleitorais. A média regional de população sob domínio de facções é de 14%, evidenciando a gravidade da situação no Brasil. Após o Brasil, Costa Rica, Honduras e Equador aparecem com 13% e 11% respectivamente.
Curiosamente, o estudo desafia a noção de que facções prosperam apenas em áreas com ausência do Estado. “As facções surgiram no Rio e em São Paulo, regiões de forte presença estatal. A facção mais poderosa, o PCC, nasceu no estado mais rico do país”, ressalta a pesquisa, demonstrando a complexidade do fenômeno.
Embora a governança criminal possa, em alguns casos, reduzir a violência, ela também pode gerar explosões de criminalidade. Em São Paulo, por exemplo, a queda nos homicídios nos anos 2000 foi associada ao fortalecimento do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Os autores do estudo alertam que os números podem ser ainda maiores, devido às dificuldades de acesso a áreas controladas por facções. Eles enfatizam que a pesquisa considera apenas as atividades centrais de governança criminal, sugerindo que o impacto real das facções na vida dos brasileiros pode ser ainda mais profundo.
Fonte: http://www.conexaopolitica.com.br