O Rio de Janeiro, conhecido por sua beleza e vivacidade, impõe a seus moradores um conjunto de regras não escritas para a sobrevivência. O que antes era considerado apenas um ditado popular – “o Rio não é para amadores” – revela-se uma realidade complexa, onde a atenção e a sorte se tornam habilidades essenciais para o dia a dia.
Um caso recente ilustra essa situação: Anderson Diego Bonfim, seguindo as orientações do aplicativo Waze, acabou sendo direcionado para a Favela do Jacarezinho. O erro do aplicativo, que prioriza o caminho mais curto, poderia ter tido consequências trágicas, não fosse o conhecimento prévio de Anderson sobre os protocolos de segurança em áreas de risco.
“Lembrei do protocolo que um morador de comunidade me passou uma vez…”, relatou Anderson, destacando a importância de manter a calma e realizar manobras suaves para evitar despertar suspeitas. A experiência de Anderson demonstra que, no Rio, a adaptação e o conhecimento tácito são tão importantes quanto a tecnologia.
Fora das comunidades, a sensação de insegurança assume outras formas. Karina Pacheco, ao perceber a aproximação suspeita de jovens em bicicletas, buscou refúgio e ajuda em um casal desconhecido. A solidariedade, nesses momentos, revela-se um importante mecanismo de defesa na cidade.
Os números confirmam a percepção de insegurança. Um relatório do Instituto de Segurança Pública do Estado (ISP) aponta um aumento de quase 40% nos roubos de celular em 2024, demonstrando que a criminalidade permanece um desafio constante. Mesmo com uma leve queda nos latrocínios, a atenção e a cautela continuam sendo indispensáveis para quem vive no Rio de Janeiro.
Portanto, viver no Rio exige mais do que apenas apreciar suas belezas naturais. Requer um aprendizado constante, a internalização de protocolos de segurança e, acima de tudo, a consciência de que a sobrevivência na cidade é uma arte que combina atenção, conhecimento e, inevitavelmente, uma dose de sorte.
Fonte: http://revistaoeste.com