O influenciador digital Hytalo Santos e seu marido, Israel Natan Vicente, foram presos em Carapicuíba, São Paulo, na última sexta-feira, após uma investigação do Ministério Público da Paraíba (MPPB) revelar um possível esquema de exploração de crianças e adolescentes. A prisão preventiva foi decretada devido ao risco de fuga e destruição de provas, intensificando a gravidade das acusações que pesam sobre o casal.
As investigações do MPPB apontam para um possível envolvimento em crimes como tráfico humano, exploração sexual e trabalho artístico infantil. A denúncia ganhou força após a repercussão de um vídeo do influenciador Felca, que trouxe o caso à tona, impulsionando as autoridades a agirem com maior celeridade. A residência do casal foi alvo de uma operação policial, onde foram apreendidos oito celulares e outras evidências.
Segundo o MPPB, Hytalo Santos e Israel Natan Vicente promoviam vídeos e fotos que exploravam a imagem de menores, em um condomínio de luxo em Bayeux, região metropolitana de João Pessoa. A promotoria solicitou a prisão preventiva, que foi aceita pela Justiça na quinta-feira anterior, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A investigação detalha como Hytalo Santos organizava “reality shows” virtuais com jovens, muitos deles menores de idade, que viviam sob sua responsabilidade em uma mansão. O conteúdo produzido incentivava a sexualização precoce dos adolescentes, referidos como “crias”, “filhas” e “genros”, com o influenciador fornecendo apoio financeiro a eles e suas famílias.
“O acusado pratica ‘adultização’ de adolescentes, que consiste na indução precoce a comportamentos e performances sexualizadas, empregada como estratégia deliberada de engajamento digital e rentabilização econômica”, afirmou a promotora Ana Maria França Cavalcante de Oliveira. O MPPB também alega que o influenciador se aproveitava da fragilidade social e emocional das vítimas, prometendo recompensas em troca de conteúdo erotizado.
Relatos colhidos pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) indicam que Hytalo Santos não remunerava adequadamente os adolescentes que participavam de seus conteúdos. Segundo as denúncias, ele ficava com todo o dinheiro das campanhas publicitárias, explorando financeiramente os jovens. Um policial militar, contratado como segurança, confirmou que os menores não tinham acesso ao dinheiro e que todas as despesas eram pagas pelo influenciador.
Para aparentar legalidade, Hytalo alegava ter a tutela dos jovens, embora possuísse apenas autorizações verbais dos pais. Ele também acumulou multas por infrações como conduzir moto sem capacete e transportar adolescentes seminuas, cenas que ele próprio gravava e divulgava em suas redes sociais. A promotoria argumenta que, solto, o influenciador poderia fugir do país e destruir provas.
O advogado do casal, Felipe Cassimiro, contesta as acusações e afirma que Hytalo e Israel não pretendiam fugir, alegando que já estavam em São Paulo antes da ordem de prisão. “A gente está lidando com influenciadores digitais de grande porte, pessoas que têm compromissos em vários estados, sobretudo em São Paulo”, disse Cassimiro. A defesa informou que apresentará um pedido de habeas corpus.
Na quarta-feira anterior à prisão, a Justiça da Paraíba autorizou buscas na residência de Hytalo em João Pessoa. Foram apreendidos celulares, computadores e equipamentos usados nas gravações, mas a casa estava vazia. O condomínio informou que Hytalo havia deixado o local com muitos equipamentos pouco antes da chegada das equipes, reforçando as suspeitas de tentativa de fuga.
Fonte: http://revistaoeste.com