Uma reportagem exclusiva lançou luz sobre os critérios utilizados pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para determinar a continuidade da prisão ou a libertação dos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. A investigação aponta para o uso de publicações antigas em redes sociais como um dos elementos decisivos.
Os jornalistas David Agape e Eli Vieira, do site Public, de Michael Shellenberger, afirmam que o gabinete de Moraes vasculhou as redes sociais dos presos, utilizando posts compartilhados, em alguns casos, anos antes dos eventos em Brasília. Essa análise teria influenciado a decisão sobre a manutenção das prisões.
De acordo com a reportagem, o gabinete de Moraes teria classificado os presos com “certidão positiva” ou “negativa”, com base nos seus posts. Os jornalistas afirmam que nenhuma das 42 pessoas com “certidão positiva” foi libertada.
Agape e Vieira afirmam ter confirmado a autenticidade de 69 certidões, mas optaram por não divulgar as íntegras, alegando a proteção de dados pessoais confidenciais dos investigados. A reportagem também levanta questionamentos sobre o uso do sistema de biometria do TSE para identificar manifestantes em fotos dos atos, com autorização de Moraes, então presidente da Corte.
A reportagem apresenta ainda prints de conversas de WhatsApp atribuídas à chefe de gabinete de Moraes, Cristina Yukiko Kusahara Gomes, e ao ex-assessor do ministro, Eduardo Tagliaferro, nas quais se discute a análise dos perfis dos presos em redes sociais. Em uma das mensagens, Cristina solicita celeridade na análise, afirmando que Moraes não quer liberar os presos sem verificar seus perfis e possível participação em grupos relacionados aos atos golpistas.
Procurado, o STF não se manifestou sobre as informações divulgadas na reportagem até o momento da publicação. O Poder360 informa que o texto será atualizado caso haja um posicionamento posterior da Corte.
Fonte: http://www.poder360.com.br