A Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) deflagraram uma investigação sobre possíveis atos de corrupção envolvendo obras preparatórias para a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), que será realizada em Belém, no Pará, em novembro deste ano. O inquérito apura suspeitas de desvio de dinheiro público e fraudes em licitações que podem comprometer a credibilidade do evento internacional.
O caso ganhou notoriedade após a apreensão de R$ 5 milhões em dinheiro vivo com um policial militar, Francisco Galhardo, em outubro de 2024, próximo a uma agência bancária em Castanhal, no interior do Pará. Na ocasião, Galhardo entregava R$ 380 mil a Geremias Hungria, ligado a uma fazenda do deputado federal Antônio Doido (MDB-PA). Ambos foram presos em flagrante por crime eleitoral, mas a investigação se aprofundou após a análise do celular de Galhardo.
Mensagens encontradas no aparelho revelaram indícios de compra de votos e movimentações financeiras milionárias entre empresas e membros do governo do Pará. Segundo a PF, o PM atuava como assessor direto de Antônio Doido, sendo responsável por retirar, transportar e entregar grandes quantias em nome do parlamentar. Dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam que Galhardo movimentou R$ 48,8 milhões entre 2023 e 2024.
As investigações apontam que as empresas J.A Construcons, em nome da esposa de Doido, Andréa Dantas, e JAC Engenharia, pertencente a Geremias Hungria, venceram juntas uma licitação pública da COP30, organizada pelo governo do Pará. Os contratos somam quase R$ 300 milhões. O Ministério Público (MP) identificou indícios de corrupção nessa licitação, com base em mensagens trocadas entre Galhardo e o secretário de Obras Públicas do Pará, Ruy Cabral.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou a abertura de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) em fevereiro de 2025. Antônio Doido, Andréa Dantas, Francisco Galhardo e Ruy Cabral são suspeitos de corrupção ativa, corrupção passiva, crimes eleitorais e fraudes em licitação. A PGR afirma que os quatro integram uma organização criminosa voltada ao desvio de dinheiro público no Pará.
O governo do Pará nega relação da obra investigada com os preparativos da COP30, embora o projeto constasse na lista oficial do evento. Em nota, a gestão estadual informou que excluiu algumas iniciativas do pacote de obras da COP30 “por motivos técnicos” e negou que Ruy Cabral tenha recebido valores ou se reunido com o PM envolvido no caso. A defesa de Antônio Doido alega que o parlamentar esclareceu todos os pontos às autoridades e repudia o que classificou como vazamento criminoso de informações sigilosas. O caso está sob relatoria do ministro Flávio Dino no STF.
Fonte: http://vistapatria.com.br