Montadoras alertam Lula sobre risco de demissões em massa com incentivos a veículos semi-montados

Gigantes da indústria automobilística, como Volkswagen, Toyota, General Motors e Stellantis, expressaram séria preocupação com uma possível medida do governo federal que visa incentivar a produção de veículos através do sistema SKD (Semi Knocked Down). Em carta conjunta enviada ao presidente Lula em 15 de junho, as montadoras alertam para o impacto negativo que essa política pode ter no setor. A medida, que está sendo coordenada pela Casa Civil sob a liderança do ministro Rui Costa, poderia favorecer empresas chinesas e comprometer investimentos no país.

O sistema SKD permite que carros cheguem quase prontos do exterior para serem montados localmente, reduzindo a necessidade de fornecedores nacionais. Segundo as montadoras, essa prática pode resultar em uma perda imediata de R$ 60 bilhões em investimentos, além da eliminação de 10 mil contratações planejadas e o possível desligamento de até 5 mil trabalhadores nas fábricas. O impacto na cadeia produtiva também é alarmante, com estimativas de que para cada emprego perdido nas montadoras, outros dez poderiam ser eliminados entre os fornecedores, totalizando até 50 mil cortes.

Os executivos Ciro Possobom (Volkswagen), Evandro Maggio (Toyota), Emanuele Cappellano (Stellantis) e Santiago Chamorro (GM) assinam o documento, onde argumentam que o incentivo ao modelo SKD beneficiaria principalmente empresas chinesas, como a BYD, que está investindo na Bahia, estado de influência política do ministro Rui Costa. A carta também foi encaminhada ao vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin. As montadoras temem que o modelo SKD resulte em baixo conteúdo nacional, mínima geração de empregos e ameaça todo o ecossistema de autopeças e engenharia local. “Essa prática deletéria pode disseminar-se em toda a indústria”, alertam no texto.

Entidades representativas da indústria de componentes automotivos, como a Abipeças e o Sindipeças, também se manifestaram contrárias à medida. Em carta enviada ao governo Lula, as entidades rejeitam a redução de alíquotas para kits SKD e CKD (referente a veículos totalmente desmontados), acusando a medida de representar uma “renúncia fiscal injustificada” e de criar uma “concorrência inusitada” contra a produção nacional. A BYD, em fevereiro, solicitou a redução do imposto de importação de kits SKD e CKD, atualmente de 18% para elétricos e 20% para híbridos, para 5% e 10%, respectivamente.

A decisão sobre a redução de impostos será avaliada pelo Gecex-Camex (Comitê Executivo da Câmara de Comércio Exterior) em reunião extraordinária. O setor automotivo teme que, caso o governo avance com a proposta, os R$ 180 bilhões em investimentos prometidos pelas montadoras para os próximos cinco anos – dos quais R$ 130 bilhões destinados à produção de veículos e R$ 50 bilhões ao parque de autopeças – sejam drasticamente reduzidos, colocando em risco o futuro da indústria automobilística no Brasil.

Fonte: http://www.conexaopolitica.com.br

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