Em resposta às declarações de Donald Trump em defesa de Jair Bolsonaro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou sua rejeição a qualquer “interferência” em assuntos internos do Brasil. Trump havia expressado preocupação com o que classificou como “caça às bruxas” contra o ex-presidente brasileiro, afirmando estar acompanhando a situação de perto.
Contudo, a postura de Lula contrasta com seu histórico de envolvimento em questões políticas de outros países e de busca por apoio em instâncias internacionais. O caso mais recente foi o de Cristina Kirchner, na Argentina, mas há outros.
Em dezembro de 2022, Lula visitou Cristina Kirchner, então vice-presidente da Argentina, após sua condenação por corrupção, expressando solidariedade em nome da “democracia latino-americana”. Em junho deste ano, voltou a se encontrar com Kirchner, defendendo publicamente sua libertação e alegando que ela é alvo de perseguição política.
Outro episódio marcante envolve a ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, também condenada por corrupção. O governo brasileiro, em ação coordenada pelo Palácio do Planalto, enviou um avião da FAB para resgatá-la antes que a polícia peruana cumprisse a ordem de prisão, concedendo-lhe asilo político no Brasil. Os termos da entrada de Heredia no país e os fundamentos do asilo permanecem sob sigilo.
No âmbito digital, Lula defendeu a criação de uma governança internacional para o controle de redes sociais, ao lado do presidente chinês Xi Jinping. A proposta, com o objetivo de combater a “desinformação”, foi criticada por opositores, que a consideraram uma tentativa de impor censura global com apoio de regimes autoritários.
Durante sua prisão em 2018, após condenação em segunda instância na Lava Jato, Lula recorreu ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, que emitiu uma recomendação ao Brasil sobre a preservação de seus direitos políticos, embora sem efeito jurídico obrigatório.
Além disso, Lula tem demonstrado apoio ao regime chavista na Venezuela, promovendo encontros com Nicolás Maduro e defendendo o governo venezuelano, apesar das denúncias de violações de direitos humanos. Em relação a Cuba, o presidente brasileiro defendeu o fim do embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, sem mencionar a repressão interna a opositores.
No Oriente Médio, Lula se alinhou a governos do Irã e da Autoridade Palestina, criticando a política externa de Israel em diversas ocasiões. Em 2010, promoveu o reconhecimento diplomático do Estado palestino, posicionando-se em temas sensíveis de política externa de outros países, o que diverge da tradição diplomática brasileira de não intervenção.
Fonte: http://www.conexaopolitica.com.br