O Conselho Popular do Brics, representando a sociedade civil dos países membros, apresentou um conjunto de recomendações ousadas aos líderes reunidos na Cúpula do Brics no Rio de Janeiro. O documento, resultado de um encontro presencial nos dias 4 e 5 de julho, abrange temas cruciais como saúde, educação, ecologia, cultura, finanças, soberania digital e a reestruturação do arcabouço institucional global. As propostas visam influenciar as discussões e decisões dos chefes de Estado.
Entre as principais sugestões, destaca-se a taxação de indivíduos com alto patrimônio líquido, uma medida que busca mitigar a desigualdade e gerar recursos para políticas públicas. O Conselho também defende reformas tributárias globais, visando combater a evasão fiscal e garantir uma distribuição mais justa da riqueza. O acesso universal à saúde, a ampliação do uso de moedas nacionais nas transações entre os países do Brics e a reforma da governança do FMI e do Conselho de Segurança da ONU também figuram entre as recomendações prioritárias.
O controle de paraísos fiscais é outra bandeira levantada pelo Conselho, que almeja um papel mais ativo do Brics na construção de uma nova ordem internacional. Essa ordem, segundo o grupo, deve ser baseada na multipolaridade, na justiça social e na autodeterminação do Sul Global. A Declaração de Kazan, em 2024, formalizou o reconhecimento do Conselho Popular do Brics, cujos fóruns civis têm ocorrido desde 2015.
João Pedro Stédile, líder nacional do MST e um dos representantes do Brasil no Conselho, enfatizou a importância da participação da sociedade civil na cooperação entre os países do Brics. “A cooperação tem que passar necessariamente por organizações da sociedade civil… nós precisamos construir canais mais concretos de cooperação tecnológica, de cooperação cultural, e isso só poderá ser feito pelos povos”, afirmou Stédile. O envio do Caderno de Recomendações marca a primeira vez que os movimentos sociais têm um espaço oficial para interagir diretamente com os chefes de Estado do bloco.
Victoria Panova, representante russa do Conselho, ressaltou a importância do engajamento civil e popular para o sucesso dos debates e das iniciativas do Brics. “É o engajamento civil, o envolvimento popular, que dá sustentação a todos os debates. Isso é, de fato, um produto muito importante do nosso tempo, um verdadeiro filho do nosso esforço coletivo”, declarou Panova, celebrando a abertura de um canal de diálogo inédito entre a sociedade civil e os líderes do Brics.
Fonte: http://www.poder360.com.br