A Oi, em meio a um complexo processo de recuperação judicial, solicitou à Justiça do Rio de Janeiro um prazo adicional de 180 dias para renegociar seu Plano de Recuperação Judicial (PRJ). O pedido, protocolado na 7ª Vara Empresarial, visa suspender temporariamente as obrigações do plano aprovado em maio de 2024, concedendo à empresa mais tempo para propor um aditamento sem o risco de bloqueios judiciais ou agravamento da situação financeira.
Em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a operadora justificou o pedido alegando que diversas premissas financeiras e regulatórias consideradas no plano original não se concretizaram. “A companhia afirma que diversas premissas financeiras e regulatórias consideradas no plano anterior não se concretizaram, prejudicando o cumprimento das metas estabelecidas”, informa o documento.
Entre os principais obstáculos enfrentados pela Oi, destaca-se a venda da unidade ClientCo, que arrecadou R$ 5,7 bilhões, majoritariamente em ativos não monetários, valor inferior à expectativa de R$ 7,3 bilhões em recursos líquidos. Além disso, o atraso na migração do regime de concessão do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) gerou custos extras de R$ 510 milhões.
A empresa também enfrenta um aumento expressivo dos passivos trabalhistas, que cresceram mais de 1.200% no último ano, com desembolsos mensais médios de R$ 32,5 milhões. A conjuntura macroeconômica, marcada pela alta do dólar, inflação persistente e juros elevados, também exerceu pressão sobre o caixa da operadora.
Diante desse cenário, a nova gestão da Oi, empossada em dezembro, propõe um aditamento ao plano de recuperação que inclui mudanças significativas nos prazos e condições de pagamento aos credores. A proposta abrange desde a opção de pagamento à vista para credores trabalhistas até o alongamento de prazos para fornecedores e a utilização de imóveis como forma de pagamento.
A proposta prevê a criação de um veículo societário para administração e venda de mais de 7 mil imóveis, avaliados em R$ 4 bilhões, que poderão ser usados como dação em pagamento aos credores. Caso a Justiça aceite o pedido, uma nova assembleia geral de credores será convocada para deliberar sobre o aditamento. A rejeição da proposta implicará na retomada imediata do plano de 2024 e na perda da proteção judicial.
A Oi ressalta que as alterações são essenciais para preservar empregos e manter o foco na estratégia B2B. Em 2024, a receita da “Nova Oi”, voltada para serviços corporativos e soluções de tecnologia da informação, superou R$ 3,1 bilhões, com perspectiva de crescimento contínuo. A empresa busca, assim, reverter o quadro de dificuldades e encontrar um caminho para a recuperação sustentável, em um processo que já se estende desde 2016.
Fonte: http://www.conexaopolitica.com.br