Do Arraial Comunitário ao Gigante Junino: A Evolução do São João de Campina Grande

O São João de Campina Grande, na Paraíba, celebra o seu ápice com grandes shows no Parque do Povo, um espaço que se prepara para receber milhares de forrozeiros. Neste dia 24 de junho, nomes como Waldonys, Ton Oliveira e Geraldo Azevedo prometem agitar a festa que se autodenomina o ‘Maior São João do Mundo’. A grandiosidade atual, no entanto, contrasta com as origens modestas da festividade.

Até meados dos anos 80, Campina Grande, a exemplo de outras cidades nordestinas, vivenciava um São João de caráter comunitário. Moradores se reuniam em frente às casas, com fogueiras e ruas decoradas, embalados por apresentações improvisadas de forró. Era uma celebração orgânica, bem distante da estrutura imponente que vemos hoje.

A transformação começou em 1983, quando a prefeitura assumiu a organização da festa. Inicialmente, a celebração ainda era simples, concentrada em uma palhoça na área dos Coqueiros de Zé Rodrigues. Mas foi em 1986, sob a gestão do então prefeito Ronaldo Cunha Lima, que o São João ganhou ares de profissionalismo e Campina Grande almejou o título de capital junina.

“Não existe nada igual no Brasil, porque são 30 dias de festa ininterrupta, com a participação dos campinenses de todas as camadas sociais”, dizia um ex-prefeito em 1986, celebrando o ineditismo do evento. Atualmente, a festa se estende por 38 dias, atrai mais de 3,5 milhões de pessoas e injeta cerca de R$ 740 milhões na economia local. O Parque do Povo, ampliado em 2024, continua sendo o palco principal.

O formato do evento também se modernizou, assemelhando-se a um grande festival de música, embora com entrada gratuita. A estrutura conta com palco principal, palcos secundários, áreas para apresentações de quadrilhas e uma decoração caprichada. Uma ampla praça de alimentação, com restaurantes renomados e barracas de ambulantes, completa a experiência, além de estandes de marcas diversas que buscam a atenção do público.

José Ventura Barbosa, empresário do ramo gastronômico, testemunhou de perto essa evolução. Proprietário da Bodega do Ventura, presente no Parque do Povo desde 1994, ele lembra dos tempos das barracas de lona. “A festa cresceu e crescemos com ela. Hoje, para ter essa estrutura aqui com decoração e móveis, o investimento básico é de R$ 50 mil”, afirma.

A programação musical também se diversificou, incorporando outros ritmos além do tradicional forró. Nomes como Alok, Priscila Senna, Joelma e Matuê marcaram presença na edição deste ano. A inclusão de novos estilos divide opiniões, mas, para muitos, como o administrador Mateus Ernesto, “o São João é uma festa popular, tem espaço para o que é música popular no geral”.

Apesar das mudanças, o São João de Campina Grande mantém suas raízes e o espírito de celebração da cultura nordestina. Famílias inteiras se reúnem para prestigiar os shows e as apresentações de quadrilhas. Juliana Soares, bióloga, fez questão de que sua filha participasse da quadrilha infantil, transmitindo o orgulho de ser nordestina: “Que possa sempre dizer: ‘Eu vim do Nordeste, eu amo minha cultura, eu amo a minha raiz’.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br

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