A demonstração de pesar do presidente Lula pela morte de Ebrahim Raisi, figura chave do regime iraniano, reacendeu debates sobre as complexas relações entre a esquerda revolucionária e o fundamentalismo islâmico. O gesto, visto por muitos como um aceno a um regime opressor, levanta questões sobre os valores que guiam a política externa brasileira.
A reverência de Lula a Raisi, conhecido como o “carniceiro de Teerã”, não é um ato isolado. Analistas apontam para uma convergência ideológica entre a esquerda radical e o islamismo, unidos em sua oposição ao Ocidente, especialmente aos Estados Unidos e Israel. Essa aliança, como detalhado nos livros “Unholy Alliance” e “United in Hate”, revela um pacto estratégico contra o que consideram o imperialismo ocidental.
O apoio a regimes autoritários, mesmo com históricos de violações dos direitos humanos, se justifica sob a ótica da luta anti-imperialista. Essa postura, criticada como “masoquismo ocidental” por Pascal Bruckner, permite que setores da esquerda ignorem a opressão de mulheres e minorias em nome de uma agenda política maior. A defesa da autodeterminação dos povos serve, muitas vezes, para relativizar práticas brutais.
No caso do Brasil, a reaproximação com o Irã, incluindo a autorização para que navios de guerra iranianos atracassem em portos brasileiros, demonstra uma clara escolha de lado. Essa decisão, que gerou desconforto com os Estados Unidos, expõe as prioridades do governo Lula em sua política externa.
A admiração do governo brasileiro pelo regime iraniano reside na sua capacidade de exercer poder absoluto e coerção ideológica. O modelo de um Estado forte, imune a críticas e com forte controle social, ecoa ideais de governos que buscam centralização do poder, com ares de revolução, como uma utopia de domínio e influência.
Fonte: http://revistaoeste.com