A Polícia Federal (PF) intensificou as investigações sobre a suposta trama golpista que visava desestabilizar o processo eleitoral de 2022. Em relatório encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, o general Walter Braga Netto é apontado como uma “figura central” nas estratégias para desacreditar o sistema eleitoral.
O documento da PF, elaborado a partir de dados extraídos do celular de um ex-assessor do ex-ministro da Defesa, detalha o papel de Braga Netto no incentivo a manifestações em frente a quartéis e sedes das Forças Armadas. Segundo a investigação, o objetivo era criar um ambiente favorável a uma ruptura institucional, culminando em um possível golpe de Estado.
Ainda de acordo com a PF, Braga Netto teria buscado mobilizar apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro, de quem foi candidato a vice-presidente, para criar condições para o golpe. O general já responde a processo por acusações semelhantes e encontra-se preso desde dezembro de 2024, acusado de tentar acessar informações sigilosas da delação de Mauro Cid.
As investigações da PF revelaram a existência de um grupo de WhatsApp chamado “Eleicoes 2022@”, composto por Braga Netto e outras cinco pessoas. As mensagens encontradas indicam a possível produção de um documento com informações distorcidas sobre fraudes nas urnas eletrônicas, que seriam usadas para desacreditar o processo eleitoral.
O material produzido pelo grupo, segundo a PF, seria entregue ao então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, com o objetivo de influenciar o relatório técnico das Forças Armadas sobre o processo eleitoral. Parte desse conteúdo foi utilizada pelo Partido Liberal (PL) para contestar o resultado das eleições no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), resultando em uma multa de R$ 22,9 milhões à legenda.
A defesa de Braga Netto reagiu às acusações, criticando o relatório da PF e negando qualquer envolvimento do general em ações contra a democracia. “O general apenas participou de discussões no grupo e jamais compactuou com ações contra a democracia”, afirmaram os advogados.
Em busca de esclarecer pontos contraditórios nos depoimentos, Braga Netto será submetido a uma acareação com Mauro Cid na próxima terça-feira, dia 24. A expectativa é que o encontro possa trazer novas informações e elucidar o papel de cada um na suposta trama.
Fonte: http://revistaoeste.com