A Câmara dos Deputados se prepara para impor um revés ao governo federal nesta segunda-feira, com a iminente aprovação da urgência para um projeto que visa suspender o decreto que elevou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A articulação, que ganha força entre parlamentares, sinaliza um crescente descontentamento no Congresso em relação à política fiscal implementada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A aprovação do regime de urgência, que permite que o projeto de decreto legislativo (PDL) seja votado diretamente no plenário, sem a necessidade de passar pelas comissões temáticas, demonstra a mobilização do Congresso. O apoio à medida transcende a oposição, com partidos da base governista, como União Brasil e PP, orientando suas bancadas a votarem favoravelmente. O PSD, embora com três ministérios, optou por liberar seus parlamentares.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), foi quem decidiu pautar a urgência em resposta à forte reação negativa à medida provisória editada pelo governo, que prevê a taxação de investimentos antes isentos, como Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Letras de Crédito Imobiliário (LCIs). A medida gerou críticas e preocupações no mercado financeiro e entre investidores.
Diante da crescente tensão, os ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil) se reuniram com Motta para tentar apaziguar a situação. Segundo líderes que participaram do encontro, a votação da urgência será um termômetro crucial para avaliar o futuro das medidas fiscais propostas pelo governo.
Em um esforço paralelo para recompor a relação com o Congresso, o governo busca destravar a liberação de emendas parlamentares, almejando liberar R$ 2 bilhões até o final do mês. Até o momento, apenas R$ 100 milhões foram empenhados. No sábado, o presidente Lula se reuniu com Hugo Motta e Arthur Lira no Palácio da Alvorada. Motta teria dito que a reunião com Haddad foi histórica pela abertura ao diálogo, mas que não significava endosso às propostas, refletindo o consenso da maioria dos partidos.
Fonte: http://vistapatria.com.br