Em uma escalada dramática na tensão entre o governo federal e o estado da Califórnia, o presidente Donald Trump autorizou o envio de 2.000 soldados da Guarda Nacional para Los Angeles. A medida, anunciada na noite de sábado, surge em resposta a dois dias de protestos intensos contra operações de imigração conduzidas na cidade, durante os quais a polícia utilizou gás lacrimogêneo contra os manifestantes. A decisão reacende o debate sobre a autoridade federal em relação aos estados e os limites do poder presidencial.
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, reagiu com veemência à ação de Trump, classificando-a como “propositalmente inflamatória” e alertando que ela “apenas escalará as tensões” na região. A ordem presidencial foi formalizada por meio de um memorando que invoca o Título 10, uma norma federal que permite o uso da Guarda Nacional em casos de “rebelião ou perigo de rebelião contra a autoridade do governo dos EUA”, transferindo o controle das tropas do estado para o governo federal. Essa manobra legal tem sido alvo de críticas e questionamentos.
A medida de Trump é considerada rara e controversa, marcando a primeira vez desde 1965 que um presidente aciona a Guarda Nacional de um estado sem o pedido do respectivo governador. A última vez que isso ocorreu foi quando o presidente Lyndon B. Johnson enviou tropas ao Alabama para proteger manifestantes em defesa dos direitos civis. Elizabeth Goitein, do Brennan Center for Justice, observou ao New York Times que a ação ignora a autonomia estadual.
Newsom expressou sua indignação em um comunicado, afirmando que “o governo federal está tomando o controle da Guarda Nacional da Califórnia e enviando 2.000 soldados para Los Angeles – não porque há escassez de forças de segurança, mas porque querem um espetáculo”. Trump, por sua vez, justificou a decisão alegando que as manifestações impediram a “execução das leis” e “constituem uma forma de rebelião contra a autoridade do governo dos Estados Unidos”, conforme detalhado no memorando presidencial.
O secretário de Defesa, Pete Hegseth, informou que as tropas estavam sendo mobilizadas “imediatamente” e chegou a ameaçar o envio de “fuzileiros navais da ativa” caso os protestos persistam. A escalada da tensão reflete uma crescente polarização política e social nos Estados Unidos. Enquanto isso, David Huerta, presidente da filial californiana do Seiu, foi preso durante os protestos e declarou do hospital: “Todos nós coletivamente temos que nos opor a essa loucura porque isso não é justiça”.
Fonte: http://www.poder360.com.br