Um levantamento recente revela uma disparidade preocupante no mercado de trabalho brasileiro. Em 12 dos 27 estados, o número de famílias beneficiárias do Bolsa Família supera o de trabalhadores com carteira assinada no setor privado. A situação, conforme apurado pela *Folha de S. Paulo*, concentra-se nas regiões Norte e Nordeste do país, evidenciando desafios estruturais persistentes.
A análise se baseia nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados em 28 de maio, que excluem o setor público. A comparação direta entre o número de beneficiários do programa social e o de empregos formais privados expõe a fragilidade do mercado de trabalho em algumas regiões.
O Maranhão apresenta o cenário mais crítico: 669 mil empregos formais contrastam com 1,2 milhão de famílias recebendo o Bolsa Família. Em contrapartida, Santa Catarina demonstra um quadro inverso, com 11 trabalhadores formais para cada beneficiário do programa social.
Essa dinâmica flutuou nos últimos anos, impactada por eventos como a pandemia e a implementação de auxílios emergenciais. Antes da crise sanitária, oito estados apresentavam mais beneficiários do que empregos formais; em 2022, esse número saltou para 13, antes de recuar para 12 após ajustes e revisões.
Em janeiro de 2023, a proporção era de quase um beneficiário para cada dois trabalhadores com carteira assinada no Brasil, representando 49,6% do total de empregos formais. Em agosto de 2024, essa proporção diminuiu para 42,6%, indicando uma leve melhora, embora o desequilíbrio persista em determinados estados.
O Bolsa Família, programa social de grande impacto, tem sido um ponto central em debates políticos e econômicos. “O programa social virou um instrumento central da disputa eleitoral de 2022”, relembra a Revista Oeste, destacando a importância do tema no cenário político nacional.
Desde a revisão dos cadastros e a implementação de critérios mais rigorosos para o benefício, o número de empregos formais tem demonstrado um aumento. A criação de vagas formais e a exclusão de 1,1 milhão de pessoas do programa contribuíram para atenuar o desequilíbrio, embora a situação nos estados do Norte e Nordeste ainda demande atenção.
Fonte: http://revistaoeste.com