O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), repreendeu o advogado Eumar Novacki, defensor de Anderson Torres, durante a oitiva do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. A sessão, realizada nesta segunda-feira (19), investiga supostas tentativas de golpe de Estado. O incidente ocorreu durante o interrogatório de Gomes sobre uma minuta golpista encontrada na residência de Torres.
O tom subiu após Novacki insistir em questionar o general sobre a correspondência entre o documento apreendido e aqueles discutidos em reuniões do governo Bolsonaro. O advogado perguntou repetidamente se o documento apresentado ao general era o mesmo debatido anteriormente. A insistência levou à intervenção direta do ministro.
Moraes interrompeu o advogado, afirmando que a testemunha já havia respondido sobre a semelhança dos pontos importantes, mesmo sem confirmar a identidade exata do documento. “Doutor, o senhor já perguntou quatro vezes a mesma coisa e a testemunha já disse que não pode afirmar com certeza ser o mesmo documento”, declarou o ministro. Moraes complementou: “Não vou permitir que Vossa Senhoria faça circo no meu tribunal.”
Ainda durante a audiência, Moraes advertiu Novacki para que não tentasse induzir a testemunha a responder de determinada maneira. A tensão na sessão demonstra a importância do depoimento de Freire Gomes para as investigações em curso. O STF também ouviu outras três testemunhas de acusação arroladas pela Procuradoria-Geral da República nesta segunda-feira.
Além de Freire Gomes, foram ouvidos Éder Lindsay Magalhães Balbino, engenheiro supostamente envolvido na elaboração de um dossiê falso sobre as urnas eletrônicas; Clebson Ferreira de Paula Vieira, responsável por um levantamento de votação em municípios com alta concentração de votos em Lula e Bolsonaro; e Adiel Pereira Alcântara, ex-PF acusado de dificultar o deslocamento de eleitores no segundo turno.
Fonte: http://revistaoeste.com