A já complexa relação entre o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu atingiu um novo patamar de tensão. Desta vez, o foco da discórdia é a condução da campanha militar israelense na Faixa de Gaza e, principalmente, o bloqueio ao acesso de ajuda humanitária à região.
O confronto público teve início após declarações contundentes de Macron, que classificou como “vergonhosa” a política de bloqueio imposta por Israel. Em entrevista ao canal TF1, o presidente francês enfatizou a urgência da situação: “Na Faixa de Gaza não há água, não há remédios, não é possível tirar os doentes. O que [Netanyahu] está fazendo é uma vergonha”.
Macron também sinalizou a possibilidade de a União Europeia revisar seus acordos com Israel, ecoando a preocupação levantada pela Holanda sobre o cumprimento do direito humanitário internacional. O presidente francês ainda destacou a importância do papel dos Estados Unidos, considerando a dependência de Israel em relação ao fornecimento de armas americanas para exercer pressão efetiva.
Em uma resposta imediata e carregada de críticas, Netanyahu acusou Macron de alinhamento com o Hamas, classificando as declarações do presidente francês como propaganda antissemita. “Macron mais uma vez escolheu se alinhar a uma organização terrorista islâmica assassina e fazer eco de sua falsa propaganda, enquanto acusa Israel de libelo de sangue”, afirmou o premiê em comunicado.
Netanyahu defendeu a ação de Israel como uma luta existencial contra o terrorismo, após o ataque de 7 de outubro, e rejeitou qualquer sugestão de rendição ou cessação das hostilidades. “Israel está travando uma luta multifacetada por sua existência após o horrível massacre perpetrado pelo Hamas contra pessoas inocentes em 7 de outubro (…) Israel não vai parar nem se render”, enfatizou o primeiro-ministro.
A troca de acusações agrava um histórico de divergências entre os dois líderes. Em 2024, Macron já havia defendido o fim do fornecimento de armas a Israel e criticado a expansão do conflito para o Líbano. As tensões refletem a crescente preocupação internacional com a crise humanitária em Gaza, onde mais de 55 mil pessoas já perderam a vida desde o início da contraofensiva israelense, segundo o Ministério da Saúde local.
Fonte: http://agoranoticiasbrasil.com.br