Futuro do Minhocão em SP: Demolição, Parque ou Revitalização? Especialistas Divergem

O futuro do Minhocão, viaduto Presidente João Goulart, epicentro de debates urbanísticos em São Paulo, foi tema central de um evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo. A discussão girou em torno dos impactos da possível desativação do elevado, prevista no Plano Diretor do município até 2029.

A prefeitura vislumbra a construção do Boulevard Marquês de São Vicente, um corredor de 6,9 km, como alternativa viária para viabilizar a desativação do Minhocão. O projeto conectaria avenidas da Zona Oeste à Zona Leste, demandando desapropriações e, possivelmente, a construção de um túnel na região da Santa Cecília para absorver o fluxo de veículos.

Sérgio Avelleda, do Insper, ressaltou a capacidade de transformação das cidades, comparando-as a organismos vivos. “O Minhocão foi construído numa época rodoviária”, explicou, justificando a mentalidade da época, que via nas vias expressas a solução para os congestionamentos.

A grande questão, segundo Avelleda, reside na destinação do espaço ocupado pelo Minhocão. Duas correntes principais se destacam: a transformação em um parque elevado, aproveitando a estrutura existente para criar um espaço de convivência, e a demolição completa do viaduto.

Fernando Chucre, ex-secretário de Planejamento, defende a criação de um parque, enfatizando a necessidade de integrar políticas públicas e envolver a sociedade civil na decisão. “Com algumas medidas, entre elas a demolição parcial e o estreitamento da laje, é possível requalificar aquele espaço”, afirmou.

Rafael Gândara Calabria, especialista em mobilidade urbana, diverge e defende a total desativação, sem alternativa viária, priorizando a criação de um parque. “Quando você cria uma alternativa viária, você estimula a piora do trânsito”, argumenta, criticando a lógica de construir e alargar faixas.

Estudos de 2020 estimaram em R$ 130 milhões o custo da demolição total do Minhocão, valor que certamente dobrou nos últimos anos. Chucre aponta a inviabilidade da demolição, seja pelos custos elevados, seja pelo impacto ambiental e pelos resíduos que seriam gerados, conforme apontado por diversas empresas consultadas.

Inaugurado em 1971, o Minhocão visava facilitar o tráfego em uma cidade em crescimento. No entanto, a estrutura se tornou alvo de críticas devido à desvalorização dos imóveis e ao impacto negativo na paisagem urbana. Atualmente, funciona como via expressa em dias úteis e como espaço de lazer nos finais de semana e feriados.

Em paralelo à discussão sobre o futuro do Minhocão, a prefeitura iniciou obras para a construção de jardins de chuva sob o viaduto. A iniciativa faz parte da requalificação da rua Amaral Gurgel, buscando criar um espaço mais agradável para pedestres e ciclistas.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br

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