Em uma reviravolta no caso que paira sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro, o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, solicitou formalmente a reabertura do inquérito que investiga uma possível interferência na Polícia Federal durante seu mandato. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (15), reacende um debate acalorado sobre a integridade da gestão anterior e o uso do poder político.
O inquérito estava parado desde maio de 2024, aguardando uma manifestação da PGR sobre um pedido de arquivamento. O Ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), agora analisará o pedido de Gonet para determinar se a investigação será retomada.
Gonet justifica a necessidade de reabertura com o objetivo de aprofundar a análise de possíveis conexões entre a alegada interferência na PF e o caso da “Abin Paralela”, uma estrutura clandestina de espionagem supostamente criada durante o governo Bolsonaro. A intenção é apurar se houve tentativas de acesso a informações sigilosas ou de obstrução de investigações que pudessem comprometer o ex-presidente, seus familiares e aliados.
A decisão do PGR contrasta com o posicionamento anterior da vice-procuradora Lindôra Araújo, que, durante a gestão de Augusto Aras, havia solicitado o arquivamento do caso. A reversão da posição demonstra uma nova abordagem da PGR em relação às investigações envolvendo o ex-presidente.
“Imprescindível, portanto, que se verifique com maior amplitude se efetivamente houve interferências ou tentativas de interferências nas investigações apontadas nos diálogos e no depoimento do ex-Ministro, mediante o uso da estrutura do Estado e a obtenção clandestina de dados sensíveis”, declarou Gonet, ressaltando a importância de esclarecer as denúncias feitas pelo ex-ministro Sergio Moro, que originaram o inquérito.
