O prefeito de Fazenda Rio Grande, Marcos Marcondes (PSD), foi detido em uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A investigação apura um esquema de corrupção que envolve superfaturamento em contratos da área da saúde na prefeitura, com indícios de participação de secretários e empresários ligados à administração municipal. Além do prefeito, outras quatro pessoas foram presas sob suspeita de desvio de recursos públicos.
A investigação do Gaeco, que já dura seis meses, revelou a existência de contratos suspeitos entre a prefeitura e a empresa AGP Saúde desde 2022. Segundo o Ministério Público, os valores pagos à empresa são incompatíveis com os serviços prestados, configurando possível superfaturamento e desvio de recursos. A suspeita é que serviços de testagem domiciliar, por exemplo, poderiam ter sido realizados com maior qualidade e menor custo pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com as apurações, a AGP Saúde recebeu mais de R$ 9,5 milhões em contratos com a Prefeitura de Fazenda Rio Grande. A empresa também possui acordos com outras prefeituras da Região Metropolitana de Curitiba, como Campina Grande do Sul e Quatro Barras, o que amplia o escopo das investigações. O Ministério Público busca determinar a extensão total dos desvios e o destino dos recursos desviados.
Além de Marcos Marcondes, foram presos o secretário municipal da Saúde, Francisco Roberto Barbosa, os sócios da AGP Saúde, Samuel Antonio da Silva Nunes e Abrilino Fernandes Gomes, e o auditor do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR), Alberto Martins de Faria. Cada um desempenhava um papel específico no esquema, desde a autorização de processos de dispensa de licitação até a atuação como intermediário entre as prefeituras e a empresa.
Um dos pontos que mais chamou a atenção das autoridades foi o aumento expressivo do patrimônio do prefeito Marcos Marcondes. Conforme o Ministério Público, o patrimônio de Marcondes teve um aumento de 462% entre 2020 e 2024, passando de R$ 231 mil para R$ 1,3 milhão. O Gaeco também identificou movimentações bancárias suspeitas na conta do prefeito, o que reforça a suspeita de enriquecimento ilícito.
A defesa do prefeito manifestou “irresignação em face da desproporcionalidade da decisão que entendeu pela sua prisão cautelar”. Em nota, a defesa alegou que Marcondes sempre pautou sua atuação pública pela lisura, ética e transparência e que a prisão é desnecessária, já que ele sempre colaborou com as autoridades. A Prefeitura de Fazenda Rio Grande informou que está acompanhando o caso e colaborando integralmente com as investigações. O PSD, partido de Marcondes, informou que aguarda mais informações para se manifestar.
Fonte: http://ric.com.br