Enquanto o mundo volta seus olhos para a COP30, no coração da Amazônia, uma crise silenciosa se agrava. A população local enfrenta a dura realidade da insegurança alimentar, um paradoxo alarmante em meio à riqueza natural do bioma e aos debates globais sobre sustentabilidade.
Dados da Embrapa Territorial revelam um cenário preocupante: a produção de alimentos básicos na região é insuficiente para suprir as necessidades da população. Arroz e feijão, pilares da dieta brasileira, chegam à Amazônia por meio de longas e custosas rotas, vindos do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.
No Pará, estado que sediará a COP30, a situação é particularmente crítica. A disponibilidade de arroz mal ultrapassa 1 quilo por mês por habitante, enquanto o consumo de feijão é irrisório. O resultado é que 40% dos lares amazônicos sofrem com a insegurança alimentar, um índice alarmantemente superior à média nacional.
“A Amazônia está abandonada”, denuncia Evaristo de Miranda em reportagem da Revista Oeste. Além da fome, a região enfrenta problemas como saneamento precário, falta de assistência médica e o avanço do crime organizado, tudo isso agravado por políticas ambientais que dificultam a produção local e a deixam dependente de alimentos externos.
Enquanto ONGs e governos estrangeiros disputam o protagonismo ambiental e o Brasil apresenta compromissos climáticos, a população amazônida permanece à margem, sem um plano de desenvolvimento consistente e sem a infraestrutura necessária para garantir o bem-estar e a segurança alimentar. A COP30, que deveria ser um marco na luta contra as mudanças climáticas, corre o risco de se tornar um símbolo do descaso com as comunidades que habitam a região mais importante do planeta.
Fonte: http://revistaoeste.com
