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O Planalto recebeu a notícia da eleição de José Antonio Kast à presidência do Chile com preocupação, já que há uma tendência da direita se aproveitar da crise econômica no Brasil para tirar a esquerda do poder e melar a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Economistas apontam que com o preço do alho a R$ 50, o elevado valor da gasolina (em Curitiba o preço médio bate em R$ 6,79), sem contar o café, o leite, o ovo e até mesmo o preço da banana (em alguns supermercados é oferecido a R$ 10,00 o quilo).
No Chile o novo presidente expôs fatores sociais, institucionais e econômicos que influenciaram a decisão do eleitorado por uma mudança de orientação política, configurando o deslocamento mais significativo à direita desde a redemocratização, em 1990. O resultado refletiu um ambiente marcado por insatisfação com a condução do país nos últimos anos e pela busca de respostas mais objetivas para problemas percebidos como urgentes, semelhante ao que acontece atualmente no Brasil.
A segurança pública teve papel central na definição do voto. A campanha de Kast concentrou-se na percepção de aumento da violência, impulsionada por indicadores recentes de crimes graves, expansão de organizações criminosas e fragilidades no controle das fronteiras do norte chileno. Mesmo com índices ainda inferiores aos de outros países da região, o contraste entre a imagem histórica de estabilidade e o sentimento atual de insegurança influenciou eleitores de grandes centros urbanos e áreas metropolitanas.
O debate migratório também ganhou destaque no processo eleitoral. O crescimento da imigração irregular, especialmente de venezuelanos, passou a ser associado por parte da população a sobrecarga em serviços públicos, concorrência no mercado de trabalho e episódios de violência. O então candidato defendeu medidas de endurecimento no controle migratório, incluindo deportações, presença militar em zonas sensíveis e reorganização das forças de segurança, propostas que encontraram apoio em setores que avaliam insuficientes as políticas adotadas anteriormente.
O desgaste do campo progressista contribuiu para o resultado. O governo de Gabriel Boric enfrentou dificuldades econômicas, impasses legislativos e obstáculos para avançar em reformas prometidas após os protestos iniciados em 2019. A frustração com mudanças consideradas lentas ou incompletas levou parte do eleitorado a buscar uma alternativa fora do espectro governista, favorecendo um discurso de oposição mais direto e alinhado à ideia de ruptura institucional.
O pleito chileno ocorreu em um contexto regional de fortalecimento de lideranças conservadoras, observado também em países como Argentina, El Salvador e Equador. Em comum, essas eleições evidenciaram pautas relacionadas à ordem pública, ajuste fiscal e crítica a estruturas políticas tradicionais, indicando uma resposta popular a ciclos prolongados de instabilidade econômica e social na América Latina.
Na área econômica, Kast defendeu redução do gasto público, revisão de políticas estatais e estímulo ao setor privado. O posicionamento atraiu empresários e investidores, sobretudo em um país com papel relevante nos mercados de cobre e lítio. Após o resultado, indicadores financeiros reagiram de forma positiva, sinalizando expectativa de previsibilidade regulatória e fiscal, embora analistas apontem desafios na implementação das propostas.
A trajetória política do presidente eleito também influenciou o desfecho. Após desempenhos limitados em disputas anteriores, ele encontrou um cenário em 2025 marcado por maior polarização e disposição do eleitorado em aceitar propostas mais rígidas. Ainda assim, a composição do Congresso, fragmentada e sem maioria clara, tende a impor negociações constantes e limitar mudanças de maior alcance.
A escolha por Kast não se deu apenas por alinhamento ideológico, mas como resposta a percepções de insegurança, insatisfação com a classe política e ausência de soluções efetivas para problemas acumulados. O resultado eleitoral funciona como um indicativo de alerta institucional, ao evidenciar os impactos de crises prolongadas sobre o comportamento do eleitorado chileno.
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Fonte:Blog do Tupan
