Em meio a articulações para a escolha do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), o governo Lula estuda oferecer ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o controle de três diretorias dos Correios. A medida surge em um momento delicado para a estatal, que enfrenta uma grave crise financeira e passa por reestruturações internas.
Fontes governamentais indicam que os cargos nos Correios seriam parte de um “pacote de compensações” para Alcolumbre, que busca influenciar na indicação do sucessor de Luís Roberto Barroso. O presidente do Senado tem demonstrado interesse em emplacar o nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), enquanto Lula articula apoio para seu candidato preferido.
A estratégia do Planalto visa amenizar pressões e garantir apoio à indicação de Jorge Messias, ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU). Messias é considerado um aliado próximo de Lula e alinhado com as ideias defendidas pelo governo. Nos bastidores, Lula tem enfatizado que não pretende ceder em relação à escolha de Messias, mas reconhece a importância do aval de Alcolumbre no Senado.
A situação dos Correios agrava o cenário. Recentemente, a estatal anunciou que buscará um empréstimo de R$ 20 bilhões junto a bancos públicos e privados, com garantia do Tesouro Nacional, para equilibrar as contas em 2025 e 2026. A presidência da empresa foi assumida há um mês por Emmanoel Schmidt Rondon, com a missão de reverter a crise, e mudanças nas diretorias já estão em andamento.
Segundo interlocutores do governo, a diretora de Governança e Estratégia, Juliana Picoli Agatte, já foi destituída do cargo, e outras duas diretorias também devem passar por mudanças: a de Operações e a de Gestão de Pessoas. A negociação prevê que a Diretoria de Administração seja entregue a um indicado de Alcolumbre, consolidando o acordo político e abrindo caminho para a aprovação do nome de Lula para o STF.