A crise de saúde pública em São Paulo, causada pela contaminação de bebidas alcoólicas por metanol, ganha novos contornos com a divergência entre autoridades sobre o possível envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC). O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, reiterou a ausência de indícios que liguem a facção criminosa à adulteração, mesmo com o número de casos de intoxicação subindo para 17 e outras 217 ocorrências sob investigação.
Derrite apresentou duas hipóteses principais para a contaminação: o uso de metanol na lavagem de embalagens reutilizadas para falsificação de bebidas ou a mistura do composto químico ao etanol para aumentar o volume do produto. Ele enfatizou, durante coletiva no Palácio dos Bandeirantes, que as investigações até o momento não apontam para a participação do crime organizado.
A negativa do governo estadual, repetida pelo governador Tarcísio de Freitas, contrasta com a visão da Polícia Federal e de setores do governo federal, que não descartam a possibilidade de envolvimento do PCC. Reportagens recentes associaram a facção à importação irregular de metanol em um esquema de adulteração de combustíveis, acentuando a controvérsia.
Em contrapartida, o secretário Derrite detalhou as operações de combate à produção ilegal de bebidas, com o fechamento de destilarias clandestinas em Americana, Sumaré, São Bernardo do Campo e Osasco. “Não há nenhum indício de participação do crime organizado”, afirmou Derrite, defendendo a linha de investigação que prioriza a ação de grupos menores e desarticulados.
Até o momento, 41 pessoas foram presas em operações no estado. Derrite argumenta que a baixa lucratividade da adulteração de bebidas, em comparação com o tráfico de drogas, torna improvável o envolvimento de uma organização criminosa do porte do PCC. “Uma organização criminosa que lucra exponencialmente com tráfico de pasta base de cocaína… iria migrar para um negócio muito menos rentável?”, questionou o secretário.