A notícia de um jovem ativista baleado, defensor de causas que prezo e um expoente do debate público, chegou-me em meio a uma solenidade na Câmara de Vereadores de Sorocaba. Um vídeo perturbador confirmava o ataque a Charlie Kirk, ativista conservador, durante um evento na Utah Valley University, nos Estados Unidos, onde ele promovia o diálogo aberto.
Tyler Robinson, de 22 anos, o suspeito, já está sob custódia. Relatos indicam que ele alimentava ódio pelas ideias de Kirk, um fato que expõe a crueza da intolerância: mais uma vida interrompida.
O assassinato de Kirk transcende a esfera pessoal, atingindo o cerne da democracia. Ele personificava a coragem de se expor ao contraditório, oferecendo um espaço aberto ao debate.
Imagine a cena: uma tenda, um microfone, a disposição para ouvir discordâncias em um ambiente polarizado. Longe de palanques e plateias homogêneas, Kirk praticava a democracia em sua essência: vulnerável, desprotegida.
Foi nessa fragilidade que o ódio encontrou seu alvo, transformando o diálogo em zona de perigo, elevando o preço da expressão e silenciando vozes. Universidades, antes palco de debates acalorados, agora hesitam em promover eventos. A sociedade, privada do contraditório, empobrece.
A violência política, com um viés preocupante contra figuras à direita do espectro ideológico, assombra as democracias americanas. Jair Bolsonaro, Donald Trump, Fernando Villavicencio e Miguel Uribe Turbay são exemplos de alvos recentes.
Essa escalada de hostilidade e violência representa uma ameaça mortal à democracia. Quando o silenciamento se torna método, a autocensura se instala, os auditórios se transformam em bunkers e o medo dita o tom do debate público.
O campus de Utah, outrora santuário da livre expressão, agora lida com traumas e protocolos de segurança. Como defender a liberdade acadêmica sem proteger seus defensores?
A defesa de ideias sem a proteção dos debatedores entrega o poder a quem se beneficia do caos. A resposta reside na coragem individual e coletiva de enfrentar a tirania que busca calar a dissidência, muitas vezes impulsionada por uma esquerda que despreza o contraditório.
Não precisamos concordar com Kirk para honrar sua postura: humildade, moderação, abertura ao adversário, paciência para ouvir. Persistir nessa atitude é recusar que o medo determine o espaço público.
Apesar da tendência, a violência política não é exclusividade ideológica. O atentado contra Cristina Kirchner é prova disso. A lei deve proteger a liberdade de expressão, punindo o crime, independentemente de quem seja vítima ou algoz.
No entanto, ignorar padrões é ser cúmplice. Quando a violência se concentra em um segmento do debate, a simetria é uma falácia.
A morte de Kirk marca um ponto de inflexão. Durante o Fórum Caminhos da Liberdade, em São Paulo, ficou evidente que essa percepção é compartilhada por muitos: algo mudou, mas o quê?
Quando uma bala atinge quem discorda, ela não mata apenas um indivíduo, mas tenta silenciar a pluralidade. É um ataque à premissa de que as ideias devem competir no debate, não serem eliminadas.
A escolha é clara: reabrir o espaço para o debate, com coragem, reciprocidade e a força da lei, ou viver em um país onde só vence quem já tem o poder. Nesse cenário, todos perderemos.
Charlie Kirk acreditava na força da razão, não das armas. Sua morte não será em vão se mantivermos essa crença viva. O microfone está aberto. Quem terá a coragem de usá-lo?
Fonte: http://revistaoeste.com