A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) tornou-se palco de uma polêmica após a realização de uma jornada universitária com críticas ao agronegócio. O evento, que utilizou o slogan “Defender a vida, combater o agronegócio”, deflagrou uma onda de protestos e reacendeu o debate sobre o uso de instituições públicas para fins ideológicos, conforme divulgado pela *Gazeta do Povo*.
A manifestação ocorreu durante a abertura da XII Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura), paralelamente à aula inaugural de uma turma de Medicina Veterinária destinada a alunos assentados. A escolha do tema e a forma como foi abordado geraram reações imediatas, tanto dentro da universidade quanto em entidades do setor agropecuário.
Entidades do agronegócio do Rio Grande do Sul emitiram notas de repúdio, argumentando que o evento ultrapassou os limites da crítica acadêmica e promoveu hostilidade contra um setor crucial para a economia nacional. A repercussão chegou ao Congresso, com parlamentares acionando o Ministério Público Federal, o Tribunal de Contas da União e a Procuradoria-Geral da República para apurar possíveis discursos de ódio e uso indevido de recursos públicos.
Internamente, a jornada também gerou desconforto. Diretórios estudantis de cursos como Agronomia, Zootecnia e Engenharia Agrícola manifestaram publicamente sua insatisfação com o posicionamento adotado. Alunos de Medicina Veterinária reforçaram, em nota, a importância do agronegócio para a segurança alimentar e para sua futura atuação profissional.
O diretor da Faculdade de Agronomia, Dirceu Agostinetto, expressou preocupação com os impactos negativos na imagem da instituição, afirmando não ter sido consultado sobre o evento. “Isso nos afeta diretamente, porque fazemos muitas aulas práticas e atividades de extensão, então visitamos diferentes tipos de propriedades”, disse Agostinetto, temendo uma possível queda na procura pelo curso.
Em contrapartida, os organizadores da jornada justificaram que a crítica se direciona ao modelo do agronegócio, caracterizado pela concentração de terras, monoculturas, uso de defensivos agrícolas e impacto ambiental. Eles negaram qualquer vínculo entre o evento e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária.
A reitoria da UFPel, por sua vez, defendeu a realização da atividade, ressaltando o compromisso da instituição com a formação crítica e cidadã e a promoção da diversidade de perspectivas. “Cumprimos, assim, nossa função social: formar profissionais críticos, capazes de analisar e debater temas relevantes e complexos para a sociedade brasileira”, afirmou a universidade em nota.
Fonte: http://revistaoeste.com