Uma operação policial deflagrada nesta quarta-feira, 24, no Rio de Janeiro, desmantelou um esquema que explorava financeiramente a fé de inúmeros fiéis. A fraude utilizava o WhatsApp como principal ferramenta para a cobrança de valores em troca de orações, prometendo milagres e curas.
O grupo, liderado por Luiz Henrique dos Santos Ferreira, conhecido como ‘profeta Henrique Santini’, operava a partir de um call center localizado em Niterói. As investigações, conduzidas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), revelaram que o esquema movimentou milhões.
De acordo com as autoridades, a central de atendimento solicitava R$ 24 por cada período de 24 horas de oração ‘no monte’. Mensagens enviadas aos fiéis diziam: ‘Deus mandou eu vir falar com você’. O texto continuava, solicitando um ‘sacrifício no altar de 24 reais, representando as 24 horas que eu vou ficar no monte’.
As investigações apontam que o grupo movimentou mais de R$ 3,3 milhões em dois anos. Os valores, provenientes de transferências via Pix, variavam de R$ 20 a R$ 1,5 mil, dependendo do tipo de oração oferecida. Para dificultar o rastreamento, o dinheiro era depositado em contas de terceiros.
O Ministério Público detalhou que muitas vítimas acreditavam estar em contato direto com o ‘profeta’ Santini. No entanto, interagiam com funcionários que simulavam ser o líder religioso, utilizando áudios gravados. A denúncia também aponta para o aliciamento de adolescentes para participar do esquema. Segundo um fiel, em relato à TV Globo, ‘Não tenho nada na minha casa a não ser água e sal’, demonstrando a vulnerabilidade das vítimas.
Em contrapartida, o delegado Luiz Henrique Marques Pereira, da 76ª DP, ressaltou que a ‘atuação de líderes religiosos na arrecadação de dízimos e ofertas pode ocorrer dentro do princípio da liberdade religiosa’. Contudo, ele enfatizou que ‘quando essa arrecadação ocorre por meio de fraude, ultrapassa o campo da fé e é considerada conduta criminosa’.
Henrique Santini, por sua vez, alega ser vítima de perseguição religiosa. Ele afirma possuir formação em teologia e atuar como pastor há mais de dez anos. ‘Sou surpreendido com um mandado de busca e apreensão e até agora não encontraram nada que pudesse me incriminar’, declarou Santini à TV Globo, complementando que considera a operação uma ‘perseguição religiosa’.
Santini publicou um vídeo em seu canal no YouTube, na noite desta quarta-feira, no qual reforçou sua defesa e prometeu ‘desmascarar essa mentira, essa farsa dessa investigação’.
Fonte: http://revistaoeste.com
