O mundo da arquitetura e do urbanismo perdeu um de seus maiores visionários. Kongjian Yu, arquiteto chinês de 62 anos, faleceu na noite de terça-feira (23) em um acidente aéreo em Aquidauana, no coração do Pantanal sul-mato-grossense. Yu viajava com uma equipe de cineastas para documentar seus inovadores projetos urbanos, que transformaram a forma como as cidades lidam com a água.
Kongjian Yu ganhou reconhecimento global com o desenvolvimento do conceito revolucionário das “cidades-esponja”. A ideia, que visa mitigar enchentes, propõe a absorção da água da chuva através de áreas verdes e parques, em vez de combatê-la com soluções tradicionais. Sua visão inovadora foi implementada em mais de 250 cidades ao redor do mundo, inclusive se tornando política pública na China.
“O trabalho de Yu transformou o planejamento urbano e a gestão da água em áreas urbanas”, afirmam especialistas da área. Sua influência se estende por diversos continentes, inspirando políticas públicas e projetos que enfatizam a importância da sustentabilidade na arquitetura e no planejamento urbano. O legado de suas ideias continuará a moldar o futuro das cidades.
Autor de mais de 20 livros e cerca de 300 artigos científicos, Yu foi laureado com prêmios de prestígio internacional, incluindo o IFLA Sir Geoffrey Jellicoe Award (2020), o Cooper Hewitt National Design Award (2023) e o RAIC International Prize (2025). Além disso, atuou como editor-chefe da revista Landscape Architecture Frontiers e possuía doutorados na Itália e na Noruega, demonstrando sua dedicação à pesquisa e ao desenvolvimento de novas abordagens para a arquitetura.
Antes do trágico acidente, Yu esteve presente na Bienal do Livro de São Paulo e na Conferência Internacional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo 2025, em Brasília. No último sábado (20), ele partiu para o Pantanal para acompanhar as gravações que destacariam seu trabalho, com o retorno para Campo Grande programado para terça-feira. O acidente, além de lamentável, levanta questões sobre a segurança de voos em regiões remotas, com autoridades enfatizando a necessidade de fiscalização e protocolos mais rigorosos.
Fonte: http://revistaoeste.com