Em uma entrevista reveladora à BBC, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu não ter buscado contato direto com o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após a imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros como aço e alumínio. A admissão surge em um momento delicado nas relações comerciais entre os dois países e levanta questões sobre a estratégia de negociação do governo brasileiro.
Lula explicou a ausência de comunicação direta com Trump, afirmando que o presidente americano nunca demonstrou interesse em dialogar. “Eu não tentei fazer chamada porque ele nunca quis conversar. Nunca, nunca quis conversar”, declarou Lula à repórter da BBC. A insistência da jornalista em confirmar a informação ressaltou a importância da declaração em um contexto de tensões comerciais.
O presidente também revelou que o governo brasileiro não foi informado previamente sobre a taxação imposta por Trump. Segundo Lula, a notícia chegou através da imprensa, surpreendendo até mesmo o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério do Comércio. Essa falta de comunicação prévia agrava ainda mais o quadro de desentendimento entre os dois países.
Apesar da ausência de diálogo telefônico, Lula mencionou o envio de uma carta oficial em 16 de maio, buscando uma resposta sobre as negociações comerciais. “Nós tentamos entrar em contato muitas vezes. Tivemos várias reuniões com os Estados Unidos”, afirmou o presidente. No entanto, ele justificou a falta de contato direto alegando que os EUA “não querem conversar” e agem unilateralmente.
O presidente brasileiro criticou a postura dos Estados Unidos, argumentando que o país toma decisões com base em seus próprios interesses, transferindo as consequências para o Brasil. A falta de cobertura da grande imprensa nacional sobre a entrevista da BBC, até o momento, levanta questionamentos sobre a divulgação de informações cruciais para o entendimento das relações bilaterais Brasil-EUA.
