A proposta de anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 sofreu uma reviravolta inesperada. Uma articulação liderada por Michel Temer e Aécio Neves alterou o rumo do projeto, concentrando esforços na modulação das penas em vez da anistia total. A mudança gerou forte reação do vereador Ingo Câmara (PL-Florianópolis), que classificou o Centrão como o “câncer do país”.
Paulinho da Força (Solidariedade-SP), inicialmente um dos proponentes da anistia ampla, justificou a mudança de estratégia. Segundo ele, o objetivo é reduzir as penas de forma proporcional e “superar a polarização entre extrema-direita e extrema-esquerda”. A declaração sinaliza um distanciamento da proposta original, que previa o perdão para atos políticos desde o segundo turno das eleições de 2022.
Ingo Câmara, em sua crítica, considerou a nova direção do projeto uma traição aos que defendiam uma anistia irrestrita. A proposta original, de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), visava beneficiar os condenados pelos atos de 8 de janeiro, argumentando que foram vítimas de processos judiciais com abusos e violações de garantias fundamentais.
A nova estratégia, focada na dosimetria das penas, deve passar por novas discussões. Paulinho da Força já anunciou reuniões com líderes partidários para definir os parâmetros da nova versão do projeto. Contudo, ainda não está claro se Jair Bolsonaro, condenado pelo STF, será incluído entre os possíveis beneficiários da modulação.
Enquanto isso, a mudança de rumo no PL da Anistia reacende debates sobre a justiça e a proporcionalidade das punições aplicadas aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro. O futuro da proposta permanece incerto, dependendo das negociações políticas e da receptividade da opinião pública.