Feira do MST em São Paulo: Uma Imersão nas Raízes do Brasil e Conexões Globais da Agricultura Familiar

A 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária, realizada em São Paulo, encerrou-se no domingo (11) como um portal para a compreensão do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e das experiências de pequenos agricultores de todo o país. O evento não apenas expôs a produção diversificada e consciente, mas também revelou as complexas articulações que essa categoria profissional vem construindo em escala global. Uma oportunidade para ir além dos estereótipos e conhecer a fundo a realidade da agricultura familiar.

Adailton Souza Santos, produtor rural de Juazeiro, Bahia, é um exemplo vivo dessa transformação. Criado em meio à agricultura convencional, ele encontrou no MST um novo caminho, aprendendo a cultivar alimentos de forma agroecológica, em harmonia com a natureza. “Hoje, graças à consciência que adquiri no movimento, comecei a produzir de maneira correta, orgânica”, afirma Santos, demonstrando o impacto da conscientização ambiental promovida pelo movimento.

A preocupação com o uso de agrotóxicos é crescente, como demonstra o aumento expressivo de casos de contaminação registrados no último ano, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Para Santos, a produção orgânica é uma questão de “autopreservação”, pois “a gente faz parte do meio ambiente”. Ele celebra a oportunidade de oferecer à sua família alimentos saudáveis, livres de riscos, um benefício que transcende o valor econômico.

O Atlas do Espaço Rural Brasileiro do IBGE revela que a agricultura familiar, embora represente a maioria dos estabelecimentos agropecuários, ocupa uma área significativamente menor. Diante desse cenário, o MST busca fortalecer suas redes de apoio, conectando-se com organizações de outros países, como a Baobab, que facilita a interlocução entre comunidades do Sul Global. Essa parceria visa superar desafios como a falta de acesso a maquinário adequado, que limita o potencial produtivo dos pequenos agricultores.

Luiz Zarref, coordenador da Baobab para a América Latina, destaca a importância de um suporte governamental consistente para a agricultura familiar. Ele argumenta que, apesar da relevância do setor, falta um projeto político estruturado que o reconheça como estratégico para o país. “Acredito que o próprio presidente Lula sabe da importância, é convencido da importância, mas aqui estamos falando de todo o aparato do Estado mesmo”, conclui Zarref, ressaltando a necessidade de um olhar mais atento e estratégico para o futuro da agricultura familiar no Brasil.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *