O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, expressou preocupação com os impactos da revolução digital durante um encontro de tribunais constitucionais da América Latina, realizado em Brasília nesta segunda-feira. Para o ministro, a democratização do acesso à informação, proporcionada pelas novas tecnologias, veio acompanhada de desafios significativos.
Barroso destacou o aumento da disseminação de notícias falsas e discursos de ódio como um dos principais problemas. “Ao mesmo tempo em que a revolução digital democratizou o acesso à informação e ao conhecimento e ao espaço público, também abriu as avenidas para a desinformação, discursos de ódio e teorias conspiratórias”, afirmou o ministro, ressaltando a necessidade de equilibrar a liberdade de expressão com a civilidade.
O ministro também criticou o papel dos algoritmos das redes sociais, argumentando que eles fragmentaram a disseminação de informações, antes centralizada na mídia tradicional. Barroso defendeu que a imprensa exercia um papel “unificador” ao apresentar fatos objetivos e compartilhados, que serviam de base para a formação de opiniões.
“Cada um passou a criar a própria narrativa e a verdade perdeu a importância”, lamentou Barroso, referindo-se ao cenário atual, onde a informação é pulverizada e as narrativas individuais ganham força. Ele aproveitou a oportunidade para exaltar a modernização do STF com o uso de tecnologias digitais, como a digitalização de processos e o plenário virtual.
Barroso defende que as Cortes superiores devem atuar para mitigar os efeitos negativos da revolução digital. Essa não é a primeira vez que o ministro se manifesta sobre a necessidade de regulação das redes sociais, tema recorrente em seus discursos. Em março, ele já havia defendido a importância de impedir que a “vida desabe num abismo de incivilidade” nas plataformas digitais.
Fonte: http://revistaoeste.com
